14/01/2016 - 16:49
por Cintia Oliveira*
Há quem diga que a vida imita a arte, mas no caso do autor de novelas Walcyr Carrasco bem que poderia ser o contrário. Cozinheiro de mão cheia, sempre que possível coloca umas pitadas da paixão pelas panelas em seus enredos. Quem não se lembra de Chocolate com Pimenta (2003), que girava em torno de uma fábrica de chocolate, ou de Amor à Vida (2013), em que a personagem Márcia (Elisabeth Savalla) vendia cachorro-quente nas ruas com a ajuda do vilão Félix (Mateus Solano)?
Depois do sucesso estrondoso de Verdades Secretas, também exibida pela Rede Globo, o autor se dedica a escrever Êta Mundo Bom!, próxima novela das seis, que estreia na próxima segunda (18). A trama, ambientada na década de 1940, conta a história de Candinho (Sergio Guizé), jovem que foi abandonado logo após o seu nascimento e criado numa fazenda no interior paulista. Ao se apaixonar por Filomena (Débora Nascimento), primogênita dos donos da fazenda, é expulso e vai para a cidade grande em busca de sua mãe biológica (Eliane Giardini). Assim como suas outras obras de Carrasco, essa também promete muitos momentos à mesa. Confira a entrevista a seguir:
Qual a importância da comida em suas obras?
Eu gosto muito de culinária. E como as novelas e minha vida são uma coisa só, meus gostos pessoais acabam entrando nas histórias.
De onde surgiu o seu interesse pela cozinha?
Sempre gostei de cozinhar. A minha avó paterna era ás na cozinha. Ela fazia receitas espanholas inesquecíveis, como um doce chamado mantecal, que nunca aprendi a fazer.
Mesmo com a rotina atribulada, você consegue tempo para cozinhar?
Eu tenho pouco tempo, mas gosto de cozinhar para os amigos. Andei aprendendo receitas vietnamitas, que são muito saborosas e leves. Mas o risoto é um prato coringa. Hoje em dia, as pessoas têm muitas restrições alimentares, mas o risoto sempre dá certo, se é um vegetariano, faço de funghi, mas adoro o de camarão com aspargos.
Já que você é escritor, quais são seus livros de culinária favoritos?
Como eu tenho diploma profissional de mestre sushi, e as receitas japonesas sempre fazem parte do meu cardápio, ultimamente venho caçando livros de cozinha japonesa. Mas há dois livros que eu acho básicos: o Dona Benta (Companhia Editora Nacional), que ensina de tudo, qualquer pessoa pode aprender a cozinhar com ele na mão. Há o Cozinha de bistrô, da Patricia Wells (Ediouro). Ela percorreu o interior da França, capturando as receitas de bistrô. Fiz quase todas, é um tipo de culinária francesa caseira, simples e agradável.
O que o público pode esperar da próxima novela? Terá algum núcleo ligado à mesa?
Terá um núcleo caipira, onde quero relembrar as receitas de infância, da roça (Carrasco nasceu em Bernardino de Campos, interior paulista). Mas, por enquanto, fiz muitas cenas da família brigando pelos pedaços de frango e desejando pêssego em calda de lata. Na época, doce de lata era chique.
*Entrevista publicada na edição 201 da Menu