28/01/2017 - 10:00
por Néli Pereira*
O especialista em uísques Arturo Savage, durante uma aula sobre single malt no concurso de coquetelaria World Class, pediu para os participantes fazerem um blend. Enquanto a maioria apostou em notas defumadas, típicas dos single malts de Islay, Savage escolheu o mais leve deles como o melhor. “O mais possível de beber, o que agradaria mais pessoas”, disse.
Moral da história: devemos também pensar em paladares mais delicados e na versatilidade do destilado. Os uísques, incluindo o bourbon e o de centeio, podem sim ser mais leves, especialmente quando usados em coquetéis refrescantes.
Clássicos como o mint julep (hortelã, gelo moído, açúcar, bourbon e gelo, foto), ou mesmo o John Collins (uísque, limão, açúcar e club soda) são próprios para os dias mais quentes. Além desses, os sours – tendência nos bares norte-americanos – e outros coquetéis, como o penicillin, são ótimas opções até para quem não está acostumado a beber uísque. E vale acrescentar chás e infusões, como de camomila, earl grey ou verde, ao seu uísque e inventar outras receitas igualmente leves com esse potente destilado.
Toque feminino
Pouca gente sabe, mas as mulheres foram essenciais para a indústria do uísque no mundo. Uma das histórias mais emblemáticas vem da destilaria do Laphroaig, single malt da região de Islay. A empresa foi familiar até 1954, quando foi herdada por Elisabeth Williamson, a primeira mulher a gerenciar uma destilaria em Islay. Ela trabalhava diretamente com o proprietário, Ian Hunter, e foi responsável pela distribuição e reposicionamento dos single malts escoceses. Além dela, outras mulheres foram importantes na liberação das bebidas após a era da proibição nos Estados Unidos e tantas outras na destilação de várias marcas. Essa história é tema do livro Whiskey Women: The Untold Story of How Women Saved Bourbon, Scotch, and Irish Whiskey, de Fred Minnick (sem tradução para o português).
Brasil na rota
Algumas marcas apontam que fica no Brasil a cidade com o maior consumo de uísque per capita do mundo: Recife. E a indústria da bebida tem prestado muita atenção ao mercado brasileiro, já que novidades que não param de chegar. Neste ano desembarcou por aqui o primeiro rye whisky (de centeio) no mercado nacional, trazido pela Wild Turkey, e neste mês começa a circular um novo bourbon, o Bulleit, para incrementar nossas ofertas.
* Texto publicado na coluna A Coqueteleira, da edição 211