25/09/2018 - 19:17
Por Suzana Barelli
O Rosé Piscine, aquele vinho de rótulo de listas azuis e feito para beber com gelo, é um sucesso no Brasil. Lançado há quatro anos por aqui, deve vender este ano 200 mil garrafas no mercado nacional, o equivalente a 33% do total de exportação deste vinho. O sucesso deste produto, frutado e mais doce, motivou a Vinovalie, a cooperativa francesa que elabora a bebida, a promover o lançamento mundial de sua nova garrafa, agora de 1,5 litro, no Brasil, com a presença de seu presidente Jacques Tranier.
Tranier teve a ideia de desenvolver a bebida ao passar férias em Saint-Tropez. Lá, o vinho era servido em taças de conhaque, com gelo, para refrescar, mas Tranier achava que a bebida ficava diluída. De volta ao trabalho, foi pesquisar maneiras de tornar o vinho com gelo mais interessante, como conta na entrevista abaixo. Por aqui, o vinho é importado pela Wine to You, e a garrafa magnum tem preço de R$ 245 para o consumidor.
Quais são as uvas que possibilitam elaborar um vinho para ser bebido com gelo? O vinho que está no Brasil é elaborado com negrette, mas tem também um com syrah.
O que é importante perceber é que, em razão do fenômeno de diluição com cubos de gelo, é fundamental usar uma casta de uva com alto potencial aromático. A expressão aromática da négrette nos vinhos rosés é excelente.
O que muda na elaboração de um vinho que deve ser consumido com gelo?
É absolutamente necessário extrair bem os aromas para que o vinho, que é submetido à temperatura baixa com a ação dos cubos de gelo e que é diluído, não perca seu buquê. É impossível extrair os aromas de uma uva cujo estado sanitário não seja saudável. A uva deve estar sã, perfeita, e sua maturação tem quer ser ótima. Na maioria das vezes, nossos concorrentes do mercado não extraem esses aromas naturais do vinho. Por outro lado, é necessário trabalhar a palatabilidade do vinho enquanto se trabalha em paralelo seu teor de açúcar. É necessário parar a fermentação antes da conversão total do açúcar em álcool, de modo a manter um grau de doçura natural. Sem este domínio da técnica, o resultado qualitativo é imperfeito.
Quando lançou o Rosé Piscine, qual era a aceitação que você esperava deste produto?
No lançamento, todos diziam que esse conceito nunca funcionaria. Ninguém acreditava nisso. Colocar cubos de gelo no vinho foi considerado “um crime de lesa-majestade”. Rosé Piscine começou sua notoriedade devido a uma forte controvérsia e a um conflito de gerações. Os jovens sempre tendo a última palavra ao longo do tempo.
Atualmente, quantos hectares de vinhedos são utilizados para elaborar o Rosé Piscine?
Um pouco mais de 230 hectares são utilizados para a elaboração do Rosé Piscine. Mas temos um potencial de uso de 500 hectares que podemos atingir rapidamente.
Na França, há três versões do Rosé Piscine. Há planos de trazer os demais vinhos para o Brasil?
Na França, temos versões diferentes de acordo com os canais de distribuição. O packaging é frequentemente testado no mercado francês e depois lançado nos mercados de exportação, se for bem-sucedido. Nós tínhamos lançado uma versão de Rosé Piscine com vinho branco que não funcionou e foi retirado do mercado. Um formato magnum de Rosé Piscine com a embalagem que vocês conhecem no Brasil está sendo lançado agora mundialmente, e o Brasil é o primeiro país a receber esta nova versão com 1,5 litro. Em 2019, lançaremos um produto de Rosé Piscine Frizz numa garrafa sleeve, como a do Brasil.
Na sua opinião, quais as razões para o vinho fazer tanto sucesso no Brasil?
Um perfil de vinho muito aromático e refrescante que está alinhado com o clima brasileiro. Uma garrafa inovadora e uma estética que agrada aos consumidores brasileiros, curiosos por novidades e novas tendências. Um conceito festivo que encontrou no Brasil uma audiência de consumidores que gostam de se divertir e são campeões em fazer festas. Conseguimos ter um bom posicionamento e distribuição, graças a uma boa análise e percepção de mercado.