14/11/2012 - 16:05
Por Beatriz Marques
A edição de aniversário da Menu tem um presente especial: a estreia da coluna Doce Mundo, assinada pela doceria Patricia Schmidt. Brasileira radicada em Barcelona, hoje ela trabalha ao lado do marido, Christian Escribà, na confeitaria Escribà, uma das mais tradicionais da Espanha. Ela sempre está a procura de endereços descolados tanto na cidade catalã quanto ao redor do mundo, durante suas viagens. Saiba mais sobre nossa colunista no bate-papo:
Como começou sua paixão por doces?
Na primeira lambida no merengue que recobria o bolo de nozes recheado de creme de ovos que minha mãe fazia. E dou risada ao lembrar como desejei aquele forninho Atma, presente de Natal em 1974! Foi um brinquedo que marcou minha infância.
E quando a paixão virou profissão?
Quando o trabalho virou diversão! Descobri que me divertia confeitando dias inteiros seguidos, enquanto as encomendas aumentavam. Fazer o que mais gostamos, arrancar sorrisos de surpresa e ainda receber por isto, é genial!
Como foi parar em Barcelona?
Vim conferir o trabalho de um confeiteiro [Christian Escribà] que fazia bolos inusitados pelas paredes e vendia anéis de caramelo que pareciam joias. Havia ouvido falar que a joalheria Tiffany & Co. havia presenteado os convidados com estes anéis em uma inauguração de loja na Itália. Ele se apaixonou por mim e pelo meu trabalho, e eu por ele e por sua confeitaria maluca! Overdose de açúcar! (risos)
O que representa a confeitaria Escribà para os catalães?
Por um lado, representa qualidade e credibilidade de 106 anos ou 4 gerações – dos croissants aos doces tradicionais, quase todos seguem à risca as receitas do bisavô do Christian. Por outro lado, é parte da loucura herdada do mestre Antoni Escribà, somada à criatividade e inovação do Christian na hora de surpreender os convidados em uma festa, seja ela qual for!
Depois do fechamento do El Bulli, como você vê a movimentação gastronômica da Catalunha?
Creio que este ano posterior ao fechamento do El Bulli foi de reflexão no que se refere à criatividade da alta gastronomia. É claro que o motor criativo da cozinha de vanguarda sempre foi Ferran Adrià. Neste momento, estão os irmãos Roca e o El Celler de Can Roca, em Girona, ocupando este posto na Catalunha. Sem jamais esquecer que Albert Adrià, com seu mundialmente conhecido restaurante Tickets, segue suas propostas vanguardistas em Barcelona, no 41 graus, e nos surpreenderá mais ainda com seus projetos para 2013.
Quais são suas apostas para o futuro da Escribà?
Nossa maior aposta para 2013 é compartilhar nossos conhecimentos através de cursos, contando com o respaldo dos profissionais da equipe Escribà. Pensamos em contemplar cada segmento da confeitaria: da formulação ao acabamento.
E quais são as novas tendências?
Ainda que soe como “déjà vu” – e depois de já ter tido o “bolo do futuro” -, o resgate do carro de sobremesas é uma tendência. E por outro lado, a confeitaria como “presente personalizado” tem cada vez mais enfoque.
O que os leitores da Menu podem esperar da sua nova coluna?
Nasci colecionadora de novidades. Por me deslocar neste mundo gastronômico mundial ao lado do Christian, passo por experiências incríveis “in loco” e muito próxima a grandes personagens que fazem parte da história da cozinha na Europa e no mundo, o que me permite trocar ideias e questionar paladares e conceitos, antes de escrever. Podem esperar sobretudo, um relato prudente de lugares interessantes, diferentes, novidadeiros, para bolsos de todos os tamanhos, sob a ótica de uma brasileira curiosa e comilona. E que jamais perdoa a sobremesa!