Por Suzana Barelli

O Almaviva é um projeto ambicioso. O vinho nasceu no Chile, oficialmente em 1998, a partir de uma joint-venture entre a família francesa Rothschild, do Château Mouton Rothschild, e a chilena Concha y Toro, com o objetivo de estar entre os melhores tintos do chamado Novo Mundo. Um exemplo é que, no plano desta joint-venture, está vender a caixa de 9 litros de vinho (em geral, 12 garrafas de 750 ml cada) por algo entre US$ 1.200 e US$ 1.500, a mesma faixa de preço dos italianos Ornellaia e Sassicaia ou do norte-americano Opus One. Hoje, o preço internacional da caixa de 9 litros do Almaviva está na faixa de US$ 800.

Em sua 15a. safra, lançada ontem oficialmente no Brasil em um evento black-tie, mostra que o Almaviva pertence, realmente, ao rol dos grandes tintos. O vinho de 2010, ainda muito jovem, é elaborado com 61% de cabernet sauvignon, 29% de carménère, 9% de cabernet franc e 1% de petit verdot, pelo competente enólogo Michel Friou. E passou 17 meses envelhecendo em barricas de carvalho francês antes de chegar ao mercado.

Na taça, tem aromas elegantes, de frutas vermelhas maduras na medida certa, com algo de especiarias, mesclada com notas de barrica. Encorpado, com boa persistência e frescor, é também o vinho do terremoto – 2010 foi o ano do abalo sísmico que atingiu o país andino. Depois do terremoto, que aconteceu no final de fevereiro, as condições climáticas mudaram e ficaram mais frias, favorecendo o lento amadurecimento de suas uvas. Seus 85 hectares de vinhedos ficam em Puente Alto, no vale de Maipo, próximo às vinhas que dão origem ao Don Melchor, outro tinto premium chileno, elaborado apenas pela Concha Y Toro.