19/11/2013 - 11:58
Por Suzana Barelli
A edição de novembro da revista Menu traz a degustação de 15 espumantes brasileiros. Escolhi nossas famosas borbulhas para brindar a edição de 15 anos da publicação da Editora Três, pela qualidade crescente da bebida e por acreditar, pessoalmente, na vocação brasileira para os espumantes. Para formar o painel, fui atrás de rótulos consagrados e também de pequenos produtores, daqueles vinhos de garagem, menos conhecidos. Priorizei, na relação, as linhas premium de cada vinícola – afinal, é uma edição de aniversário. E como sempre fazemos nas degustações mensais da revista, compramos as garrafas no mercado. Ou melhor: tentamos comprar.
Confesso que não foi fácil fazer com que as 15 garrafas chegassem à redação da Menu (alias, 18, porque compramos um número maior para garantir que teríamos 15 boas garrafas para a edição de 15 anos). Foram vários os problemas de logística. Logo no primeiro pedido, a vinícola informou que não poderia entregar a garrafa porque seu portador em São Paulo estava viajando (!?!?!). No segundo, o espumante saía por R$ 52, mas o frete para a garrafa gaúcha chegar em São Paulo custaria inacreditáveis R$ 108 – mais do que o dobro do valor da garrafa!
Os problemas continuaram, com empresas com dificuldades para emitir a nota fiscal da compra ou com o representante paulistano da vinícola sem estoque do espumante e sem previsão de quando a bebida chegaria por aqui. Duas vinícolas não responderam meu e-mail, solicitando informações para a compra dos vinhos. Outras solicitaram um prazo maior para entregar a garrafa no endereço indicado.
Claro que neste universo havia também aquelas vinícolas com a logística afinada e ágil para vender e entregar a sua bebida em São Paulo, considerado o maior mercado consumidor brasileiro. Mas a quantidade de problemas destoou das demais degustações mensais da Menu, que contam com um número maior de vinhos importadas, compradas diretamente nas importadoras.
Esta logística pouco ágil me incomoda, não só profissional como pessoalmente. Se há toda esta dificuldade em vender uma garrafa de espumante brasileiro para uma publicação especializada, imagino como deve ser para o consumidor final. E se a meta, do acordo que enterrou a proposta da salvaguarda no ano passado, é aumentar o consumo do vinho nacional para 40 milhões de litros até 2016, o investimento na maior eficiência dos canais de venda das bebidas é não só necessária, como urgente.
Sem isso, de nada adianta a melhora crescente na qualidade de nossos espumantes, como, alias, mostra a degustação da Menu. O espumante vencedor – o Lírica – obteve 89 pontos e é capaz de impressionar muitos consumidores. E não só ele, como mostra a prova às cegas (quando os vinhos são degustados sem saber que rótulo corresponde a cada amostra). Vale conferir na edição impressa da Menu, que está nas bancas.