31/03/2014 - 12:51
Por Suzana Barelli
Uma edição de luxo para os amantes do tinto Don Melchor, com seis safras deste ícone chileno, deveria marcar o final das comemorações dos 130 anos da vinícola Concha Y Toro, completados no final do ano passado. As cinquenta exclusivas caixas, com as safras de 1988, 1993, 1999, 2001, 2005 e 2007, foram enviadas em março para cinco países: Estados Unidos, França, China, Brasil e o próprio Chile. Ao nosso país coube 12 caixas, vendidas por R$ 5 mil cada.
A questão é que a demanda por esta pequena degustação vertical foi bem maior do que o previsto pela VCT, o braço da Concha y Toro por aqui. Resultado: a filial precisou negociar com a matriz uma liberação adicional, diretamente do Chile, para os clientes brasileiros. E já se formou uma pequena lista de espera de fãs deste tinto, estendendo um pouco mais as comemorações de aniversário da vinícola chilena.
As seis safras foram selecionadas por Enrique Tirado, enólogo chefe deste vinho desde 1997, com o critério de ter tintos de três décadas diferentes e, permitir, aos consumidores acompanharem, na garrafa, a evolução da bebida. As primeiras duas safras escolhidas foram elaboradas pelo enólogo Goetz von Gersdorff e as demais, por Tirado. E o próprio enólogo veio ao Brasil apresentar os vinhos.
Pelas seis taças, é possível traçar a evolução deste ícone chileno. A primeira, a de 1988, elaborada apenas com cabernet sauvignon, apresentou uma bela acidez e riqueza de aromas terciários que explica porque o vinho faz sucesso há tanto tempo. A seguinte, também só com cabernet sauvignon, é mais austera, apesar de sua complexidade, como se ainda precisasse de tempo para mostrar a sua evolução. A safra de 1999 é a primeira a contar com pequenas porcentagens de cabernet franc (são 7%) neste tinto marcado como um cabernet sauvignon, o que parece dar ainda mais complexidade ao tinto.
Em seguida, a de 2001, também com cabernet franc (agora com 9%), parece ainda estar jovem. Traz notas de cassis e frutas vermelhas no aroma, bem mineral, balsâmico. Pareceu para mim o mais feminino do painel, pela sua elegância. Em seguida, o 2005 (que tem 3% de franc), com muita fruta, cassis, amoras, e os mais sedosos e doces taninos. É um belo vinho e crescerá na garrafa para quem tiver paciência de esperar. Por fim o 2007, que tem 2% de cabernet franc e que ainda precisa de tempo para mostrar todo o seu potencial, que promete ser maior do que o de 2005.
Fora da caixa, para quem quiser provar o Don Melchor, atualmente é vendido no Brasil a safra de 2009, com o preço sugerido de R$ 410.