24/01/2024 - 15:55
Paulistana de nascimento, amazônida de coração, Débora Shornik é chef de cozinha dos restaurantes Caxiri Amazônia (@caxiri_amazonia), em Manaus, e Camu Camu, no Mirante do Gavião (@mirantedogaviao), no Novo Airão. Atua como consultora do Flor do Luar (@flutuanteflordoluar), restaurante que paira sobre um flutuante, no Rio Negro, também em Novo Airão.
Sua jornada teve início na cidade de São Paulo, onde passou 6 anos no Restaurante Spot e esteve ao lado da chef Paola Carosella por 8 anos, a quem dedica toda sua formação “técnica internacional”.
Contemplação dos sabores amazônicos
Em 2013, foi acolhida pela Amazônia e, desde então, vivencia a culinária amazônica a favor dela, fazendo uma “cozinha de produto”, que respeita as leis da natureza e por ela se deixa conduzir, de maneira que engloba não somente a sazonalidade, como também o resgate dos fundamentos da alimentação brasileira em sua essência, aos olhos e em parceria com os povos da floresta, ao mesmo tempo em que se abre para a pesquisa e utilização das PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais). Neste território, desconstruiu sua doma e se revestiu da cozinheira que hoje é.
“Ser cozinheira é o reflexo de mim, o que me deixa mais confortável para existir, mais próxima das mulheres que me inspiram: as artesãs dos alimentos, das curas, dos fogos, das ervas, das PANCs, das técnicas ancestrais. Cozinheiras indígenas e caboclas com quem eu aprendo, troco, me emociono. Vidas que me impactam e que eu procuro também impactar. Às cozinheiras da Amazônia, eu me uno”, compartilha a chef.
Nessa união, associada ao seu olhar atento, paladar apurado e desejo de conhecer, partilhar e conviver, segue descobrindo as riquezas e nuances dos alimentos da terra, protagonistas dos seus experimentos e guias na elaboração de sabores. Dedica-se ao resgate, salvaguarda e democratização desses alimentos para as mesas de além-Amazônia e da Amazônia também.
“Me interessa saber do que é raro, mas do que é simples também. Do que nasce logo ali e muito longe, das sazonalidades, do que é orgânico e vivo, do que é cotidiano e do que é cura, da quinhapira de cada etnia, do melaço do tucupi preto, do ver estrelas da pimenta que os kumuã gostam. Do azedinho do cupuaçu, da graça do cubiu, da gaiatice do tucupi. Mato adentro, pedindo a devida licença, vou pesquisando e abastecendo meu relicário de receitas, um balaio das minhas memórias afetivas, por onde eu andei, do que comi, das cozinhas por onde aprendi, dos ingredientes dos primórdios e das receitas que eu ainda vou inventar”, revela.
É movida pela incessante e inquieta busca de possibilidades, seja na alquimia de sabores (dos estimados aos inesperados), na troca de saberes, onde oferece suas experiências e aprende técnicas ancestrais, seja no compromisso da compreensão de histórias e vidas de outras cozinhas, onde se coloca como ponte e oferece ajuda para que também empreendam, valorizem suas trajetórias, seus temperos, ganhem autoestima e autonomia e se compreendam tão imensas como são.
A cozinha da Débora Shornik é feita de afeto, de vida, estudo, pesquisa, ancestralidade, união e de propósito, enaltecendo e resgatando a beleza e a substancialidade da comida natural amazônica.
“Desenvolvo uma cozinha regional, porém, não típica. Gosto de dizer que, o que ofereço em meus pratos, é a “Amazônia em mim”, um romance, uma inspiração”, finaliza.
Sobre o Caxiri Amazônia
Em um casarão restaurado, com janelões voltados para o portentoso Teatro Amazonas – ícone da arquitetura colonial no apogeu da economia da borracha no século 19, no Centro do Manaus – o restaurante brinda, desde 2016, os paladares de locais e visitantes com a abundância dos sabores amazônicos e brasileiros.
Entre os pratos mais cobiçados estão os ceviches de peixe amazônico no tucupi, a matrinxã assada na brasa, o supreme de tambaqui – corte especial do lombo do peixe servido com macaxeira prensada recheada com queijo coalho e abacaxi grelhado e o nhoque de macaxeira ao molho de cogumelo Yanomami como opção vegana, assim como a utilização de PANC (Plantas alimentícias não convencionais), que variam de acordo com a sazonalidade.
Para sobremesa Surpresa de tucupi – sorvete e caramelo de castanha, cubiu e calda de tucupi negro proveniente das comunidades indígenas.
Para reservas e mais informações, acesse aqui.