“Não temos uma linha de regras, quero que seja como um jantar em família ou entre amigos”: é assim que o chef Diego Carrilho descreve o Mi Casa, seu novo restaurante em São Paulo. Especialista em jámon — presunto curado símbolo da culinária ibérica —, o cozinheiro resolveu abrir a nova casa após sentir que “não tinha uma válvula de escape” na antiga rotina gerenciando o Empório Pata Negra.

“O Mi Casa veio através de alguns sentimentos. Quando eu abri o Empório, fiquei à frente da cozinha por um ano e meio e foi maravilhosa a experiência, mas quando você está à frente de um restaurante não é só a parte boa. Trabalhar com gestão de restaurante é muito estressante também. Eu sou um cara que eu não consegue lidar muito com rotina e tudo que fica muito rotineiro para mim vira cansativo”, explica Carrilho à Revista Menu.

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Cozinhar familiar, calma e inclusiva

A casa paulista funcionará em um sistema de rotação e com reservas para jantares especiais. Segundo o dono do empreendimento que tem estreia prevista para setembro deste ano, a ideia é fazer os clientes se sentirem em casa e incluídos no preparo dos pratos da noite.

“É cozinhar com calma, atenção e intenção. Essas são as palavras que definem o Mi Casa, porque aqui é de fato minha casa, eu vou morar aqui. Então quando eu abrir para as pessoas virem, estarei fazendo um jantar e vou convidá-las para jantar comigo”, conta o chef.

Questionado sobre o menu da casa e sobre qual culinária será o foco, Diego explica que, assim como o resto do espaço, o cardápio será flexível. As opções devem seguir o gosto pessoal do chef e os alimentos da temporada. A escolha desse modo de funcionamento busca trazer o fator surpresa aos visitantes e trazer novos desafios aos membros parceiros da cozinha.

Apesar de ainda não ter sido lançado ao público, o idealizador garante que o ambiente acompanhará a linha criativa, acolhedora e com toques botânicos presente na gastronomia.

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Especialidade gastronômica: jamón

Conhecido por ser o “mestre” do jamón no Brasil, Carrilho comenta que, apesar de ser grato ao título, não se sente o maior do ramo, e sim um entusiasta e estudioso do ingrediente.

“Me considero um cara que batalha pela cultura do jamón e pela cultura de seu consumo, porque é um ingrediente importante para mim. E deixa de ser só uma comida: o jámon foi quem me apresentou a cozinha e me deu algo pelo qual eu sou apaixonado hoje”, afirma o chef.

Para o paulista, é essencial que amantes da gastronomia saibam que existem diferentes tipos de jamón — parma, ibérico, serrano, pata negra —, e que o local de produção do ingrediente nem sempre é sinônimo de qualidade. Além disso, o chef é defensor de segundas chances, já que a primeira experiência pode não trazer o mais agradável ao paladar.

“Acho que as pessoas precisam prestar atenção quando forem comer para identificar qual é o gosto real e, principalmente, com qual jamón o paladar mais se identifica. Muitas vezes você come um presunto de baixa qualidade e leva aquilo como regra para todos os outros que existem, perdendo aquele universo saboroso”, acrescenta Diego.

O cozinheiro explica que sua experiência com o alimento não foi planejada, e sim algo que o “guiou” pelo universo gastronômico. Além do contato inicial durante a época em que trabalhou em um grande frigorífico, seu intercâmbio na Espanha foi amplamente atrelado ao alimento.

Entre inspirações e descendência familiar

Chef Diego Carrilho – Foto: Divulgação

Pessoalmente, Carrilho explica que, para além da culinária brasileira, a espanhola e a italiana são as bases de seu trabalho profissional. Ambas as influências surgiram pelo contato familiar e durante formações em viagens internacionais.

Ele finaliza contando que as inspirações para o projeto e a mudança do Empório Pata Negra para o Mi Casa foram estimuladas por colegas do ramo.

“O objetivo é seguir sempre brincando com o sofisticado, mas descontraído, e um pouco underground, gosto dessa linha. As bases de inspiração seguem muito o que o Rafa Despirite faz de vez em quando no Fechado para Jantar e as influências na gastronomia levo muito a parte espanhola e a italiana, que acabam se conectando com a minha essência e a minha família mesmo”, finaliza o chef. 

*Estagiária sob supervisão