por Patricia Schmidt*

Assim como Romeu e Julieta, a cidade de Viena e a torta Sacher (ou sachertorte) parecem um binômio docemente acertado. Na capital da Áustria, recheada de bons cafés e excelentes confeitarias, a sachertorte é considerada uma instituição, com direito a ter um dia comemorativo no calendário nacional (5 de dezembro).

Para quem não conhece, a sacher é um bolo de chocolate recheado com geleia de damasco, coberto por chocolate amargo. A receita, aparentemente simples, gerou uma longa disputa entre o Hotel Sacher e a Confeitaria Demel, no episódio conhecido como “a batalha dos bolos”. Entre os anos 1954 e 1963, os dois estabelecimentos brigaram pelo direito de chamar sua sachertorte de “a original”.

A iguaria foi criada por Franz Sacher especialmente para o príncipe Klemens von Metternich de Viena, em 1832. Seu filho Eduard Sacher aperfeiçoou a receita da torta, enquanto trabalhava na confeitaria Demel. Em 1876, Eduard abriu o Hotel Sacher e levou a receita do bolo, mas com a falência do hotel em 1934, o neto de Franz, também chamado Eduard, vendeu os direitos da torta à Demel. Depois da disputa entre os novos proprietários do hotel e a confeitaria, ficou definido que a receita do Sacher, que tem a geleia de damasco no recheio (€ 23,30 para 4 pessoas), é considerada a original. A da Demel, que é o bolo coberto pela geleia (€ 16,90, 230 g), pode ser chamada de original de Eduard Sacher.

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Vitrine de doces da Confeitaria Demel (foto: divulgação)

O sucesso da sachertorte é intrigante – são mais de 300 mil unidades vendidas por ano. Muitos até a consideram seca e sem graça. Se você concordar e não quiser ficar com uma má impressão de Viena, prove a torta imperial, servida no hotel homônimo. Camadas bem finas de waffle de amêndoas cobertas de chocolate (€ 30, 300 g) fazem do doce um rival à altura da sacher – e mais exclusivo.

Confeitaria Demel
demel.at

Hotel Imperial
imperialvienna.com

Hotel Sacher
sacher.com

 

* Reportagem publicada na coluna Doce Mundo, da edição 204