O rótulo, que traz a homenagem à década de 1970

Por Suzana Barelli

Confesso que fiquei curiosa quando li a notícia de que o enólogo chileno Marcelo Papa iria lançar uma edição limitada com 1.800 garrafas do cabernet sauvignon 2010 da linha Márques da Casa Concha. A proposta de Papa, um dos grandes enólogos chilenos da atualidade, era elaborar este tinto como se fazia na década de 1970. E qual não foi minha surpresa, nesta segunda-feira, ao descobrir que um dos tintos que mais me agradaram no painel de 20 cabernet sauvignon chilenos, liderada por Patricio Tapia, foi exatamente este rótulo.

Na prova às cegas realizada na importadora Casa do Porto, o desafio de Tapia, autor do guia de vinhos Descorchados, era tentar identificar em que vale do país andino correspondia cada tinto. Estavam presentes cabernet sauvignon de Aconcagua, Maipo, Colchagua, Maule e Curico. O tinto de Papa era a amostra sete, que ficou quase escondida entre a potência do seis, o Sideral 2006, da viña Altair, e do oito, o Chacai 2009, da William Fevre.

A pureza da fruta, o estilo menos exuberante, e o pouco álcool foram as características que me chamaram a atenção no vinho da Concha y Toro. O tinto tem 12,5% de teor alcóolico e, certamente, não amadurece em barricas novas. Se o tinto terá mercado no Brasil eu não sei dizer – inicialmente, o projeto é lançá-lo apenas na Inglaterra, que tradicionalmente aprecia vinhos mais leves e com menos madeira. Só sei dizer que gosto muito desta procura de alguns enólogos em elaborar tintos mais elegantes e menos potentes.

A propósito, a melhor amostra da degustação dos cabernets foi o El Principal 1999, a última safra elaborada por Jean Paul Valette, o dono do Château Pavie, que viria a falecer no ano seguinte. Para mim, este tinto, apesar de toda a sua importância histórica, já teve seu auge.