28/10/2019 - 14:00
por Roberto Fonseca
Meu conhecimento de bebidas alcoólicas além das cervejas é, num cenário otimista, o de um “leigo entusiasmado”. Tomo, por exemplo, o vinho: entendo conceitos básicos e já fiz um curso, mas ao ir às compras sempre é um impasse. Por isso, achei reconfortante ter uma “voz amiga” na hora da aquisição,ainda que não seja uma voz, nem amiga, mas sim um aplicativo de celular com notas e avaliações alheias.
Esses apps também existem no mundo cervejeiro, e têm como “pontos fortes” a quantidade de avaliações de clientes (quem paga as contas das cervejarias) e a capilaridade em pontos de venda. Ou seja, são úteis para um consumidor que busca um rótulo perto de si ou para um cervejeiro que tenta detectar se um local trata bem ou mal seu produto com base em avaliações. Mas há senãos: qualquer um pode avaliar, o que pode levar uma IPA ou uma Sour a notas baixas por serem “amargas” ou “azedas”. Ou de cervejeiros darem notas máximas a suas crias.
A própria nota, exibida imediatamente ao se consultar uma cerveja, torna-se um problema: parecerei desconhecer o produto se fizer uma avaliação pior ou melhor do que a média geral ou a de meus amigos de aplicativo? Além disso, qual influência terá a nota da cerveja tomada na mesa do bar, com amigos, depois de tantas outras mais fortes ou mais fracas?
Boa parte desses problemas é controlada nos concursos, cuja expressão ao consumidor são as medalhas. Neles, juízes com formação técnica provam cervejas em silêncio, comparando-as com guias técnicos, sem saberem dos rótulos. Os poréns, nesse caso, são de que competições não englobam todas as cervejas do mercado, o que pode premiar exemplares que, nos aplicativos, não têm as melhores notas. Além disso, cada amostra passa por menos juízes do que usuários nos apps. E uma cerveja enviada diretamente ao concurso, refrigerada e consumida em poucos dias, pode não necessariamente ter as mesmas condições de uma que fica meses a temperatura ambiente na gôndola do mercado (embora essa variável atinja todos os concorrentes).
Não há receita para fazer a melhor escolha entre os dois sistemas. Procuro considerar mais os comentários do que as notas em aplicativos, e checar condições de estoque e validade das “medalhistas”. Além disso tudo, existe ainda o gosto pessoal, que, no fim, é o fato mais importante.
Estou bebendo – Japas & Dádiva Kohi
Juicy IPA com adição de café e dekopon. Apesar de pouco usual à primeira vista, a combinação funcionou e tornou a cerveja refrescante. A R$ 36,99 a lata de 473 ml no Beer4U Vila Madalena.