29/03/2023 - 15:01
Parece mentira, mas realmente a tecnologia está indo bem mais longe do que qualquer um poderia imaginar. Em uma descoberta científica recente, que parece saída do filme “Jurassic Park” (ou “Star Trek”), cientistas da startup australiana Vow usaram DNA do mamute peludo para recriar a carne desse animal, extinto há séculos, como informou a CNN. Usando tecnologia de carne cultivada em laboratório, eles transformaram a “carne” de mamute em almôndegas.
Segundo informações do Tasting Table, o projeto de “ressurreição” do mamute tem a ver com a missão da Vow, que pretende ajudar a apresentar ao mundo os benefícios da carne cultivada.
Sediada na Austrália, a Vow primeiro pretendia usar o extinto pássaro dodô como cobaia, mas não tinha a quantidade adequada de DNA necessária para isso. Então, o foco passou para o mamute peludo, que tem vários remanescentes perfeitamente preservados graças ao permafrost da Idade do Gelo.
A empresa queria partir de um animal que fora levado à extinção tanto pela expansão humana quanto por fatores ambientais, funcionando como uma metáfora maior para a maneira como a indústria da carne interfere danosamente no meio ambiente atual.
Diante de tal descoberta, resta a pergunta que não quer calar: como essa carne pré-histórica renasceu em um laboratório no século 21?
Mais uma vez, parece que o experimento bem-sucedido saiu direto do “Jurassic Park”. Os cientistas sequenciaram o máximo possível do genoma do mamute, remendando as peças que faltavam com genes do elefante africano, para criar uma proteína de mioglobina de mamute, que dá sabor à carne, conforme relatado pela CNN.
Uma vez que essa proteína híbrida de mamute foi produzida, eles a inseriram em células musculares de cordeiro – e o que cresceu ali era a carne de mamute cultivada. Ainda assim, a parte que corresponde ao mamute é muito inferior em relação aos genes do cordeiro, de aproximadamente 1 em 25.000.
Será que dá alergia?
Com esses avanços científicos, nascem também preocupações em relação à ingestão de uma “carne” que não é consumida há quase 5.000 anos. Ou seja, como esse consumo pode afetar o sistema imunológico do corpo humano atual, se pode causar alergias ou não.
Por esse motivo, a almôndega de mamute ainda não está pronta para chegar ao consumidor final. Em vez de estrelar um cardápio sofisticado de restaurante, a almôndega pré-histórica está sendo exibida no Rijksmuseum Boerhaave, na Holanda, um museu dedicado às ciências naturais e à medicina.
No entanto, em breve pode ser possível provar outra obra da Vow: a codorna japonesa cultivada em laboratório. A ave deve ser servida em breve nos restaurantes de Cingapura. A startup australiana prevê outros projetos desconcertantes que incluem experimentos com pavões, cangurus e crocodilos.
E uma almôndega de mamute segura para consumo não está completamente fora de questão, já que o professor Ernst Wolvetang, a mente por trás da “recriação” da carne de mamute, admitiu ao jornal britânico The Guardian que preparar uma almôndega dessas, segura para consumo humano, pode ser facilmente criada.