13/03/2018 - 19:17
por Suzana Barelli
Há duas unanimidades sobre Lalou Bize-Leroy, que pode ser chamada da grande dama da Borgonha. A primeira diz respeito a seu gênio, dificílimo. A segunda é a sua competência em elaborar alguns dos melhores vinhos da Borgonha: seus brancos e tintos da Domaine Leroy estão entre os mais cobiçados entre os apreciadores e atingem preços estratosféricos.
A história de sua saída da Domaine de La Romanée-Conti (DRC) ilustra bem estas duas facetas da personalidade de Lalou. A DRC pertence a duas famílias, a Villaine e a Leroy, com gestão compartilhada. Desde 1974, ela e Aubert de Villaine eram os co-gerentes da vinícola. Em 1992, Lalou foi destituída desta função, numa ação que contou com o apoio de sua irmã Pauline Roch-Leroy (cada uma detém 25% da vinícola, e os 50% restantes são da família Villaine). Na época, entre as alegações para sua saída é que a Leroy, que tinha os direitos de comercializar os vinhos da Romanée-Conti para alguns mercados asiáticos, havia comprado vinhedos em Richebourg e estava fazendo concorrência direta à vinícola que ela co-dirigia. Havia, assim, um conflito de interesses.
A saída da DRC foi boa para os vinhos da Domaine Leroy, já que Lalou passou a ter mais tempo para os 22 hectares de vinhedos, cultivados de acordo com a filosofia biodinâmica. Em suas declarações, ela não raro afirma que a pinot noir é uma uva que só mostra o seu potencial na Borgonha, e que o trabalho dos produtores é respeitar as vinhas. No Brasil, seus vinhos são importados com exclusividade pela Castel Studio, de Jerome Dumora.