A 34ª edição da Chocolat Festival (@chocolat_festival) realizada em São Paulo, no Centro de Eventos São Luís, no último final de semana foi um sucesso. O público recebeu muito conhecimento e curiosidades sobre a origem do chocolate – que começa muito antes, com o cacau.

Marco Lessa é o empresário responsável pelo evento. Para ele, o “objetivo foi apresentar os melhores chocolates do Brasil e a cultura do cacau à maior e mais rica cidade do país”.

“Esta foi a quarta edição paulistana, e é muito importante levar o universo do cacau e as principais marcas de chocolate de origem, ‘bean to bar’ e ‘tree to bar’ de várias regiões do Brasil para o maior centro de consumo, formação de opinião, comunicação e negócios”, disse ele elogiando a cidade.

“O maior evento da América Latina não poderia deixar de ter a sua edição anual na capital brasileira do consumo. São Paulo é o estado shopping center do Brasil, como também é o mercadão… Tem de tudo, e agora, terá os melhores chocolates”, falou.

O festival existe desde 2009, quando ele resolveu estimular e agregar valor à produção do cacau após uma intensa crise que atingiu toda produção do país, principalmente a Bahia. Para ele, foi a virada de chave para além do chocolate.

“Saímos de uma produção de 400 mil toneladas por ano para um pouco mais de 90 mil. Isso provocou uma crise sem precedentes, com o surgimento de muita pobreza e miséria. Dívidas e uma região acabada. Vinte anos depois, vivendo aquilo, resolvi fazer um movimento que estimulasse a verticalização da produção, agregasse valor ao cacau, associasse ao turismo, que aproveitasse melhor e potencializasse tanta cultura, história e ativos naturais”, compartilhou.

Presidente Lula posa ao lado do empresário Marco Lessa (Foto: Arquivo Pessoal)
Presidente Lula posa ao lado do empresário Marco Lessa (Foto: Arquivo Pessoal)

Lessa também comentou sobre os desafios da primeira edição da Chocolat Festival. Segundo o empresário, o evento foi feito sem apoio e com muitas desconfianças – mas seguiu em frente para se tornar um sucesso.

“A feira tinham treze estandes, sete doados e seis completamente vazios. Mas 15 anos depois vemos que valeu a pena noites e noites sem dormir, pressão de credores, temores da família, de amigos, incertezas de parceiros, 15 anos e 33 edições depois, 15 anos e um milhão de quinhentos mil visitantes depois, 15 anos e 350 marcas surgidas depois, temos a certeza de que fizemos bem aos Brasis que produzem cacau e chocolate”, disse.

Chocolat Festival na Europa

Portugal foi a primeira cidade a receber uma edição internacional do festival, tendo o objetivo de “criar conexão direta entre todos os elos da cadeia produtiva do cacau ao chocolate de origem, chegando ao consumidor final”.

“Em 2022, o Chocolat Festival fez sua estreia em Portugal, Europa, com grande êxito. Agora, queremos expandir a cultura do cacau pelo mundo. A Índia, a China e a Rússia, que têm populações enormes, praticamente não consomem chocolates ainda. No nosso território, o consumo médio per capita é de 3kg por ano, na Suíça, de 10kg. Entre indianos, chineses e russos, o consumo médio é de 0,5kg por pessoa”, explicou.

“Portanto, se considerarmos que estamos falando de uma cultura que preserva florestas e de um produto que é um incrivelmente saudável, o cacau será o alimento do futuro”, completou o empresário, que não esconde o desejo de expandir o ‘Chocolat Festival’ para o mundo.

Pedro Araújo, criador do Museu do Chocolate no WOW - World of Wine - e parceiro do Chocolat Portugal, e Marco Lessa (Foto: Arquivo Pessoal)
Pedro Araújo, criador do Museu do Chocolate no WOW – World of Wine – e parceiro do Chocolat Portugal, e Marco Lessa (Foto: Arquivo Pessoal)

Internacionalmente, houve também o lançamento da Casa Brasiliana, que fica dentro do WOW, em Portugal.

“É um projeto inédito, inovador e de promoção de produtos brasileiros que viabilizará negócios com mercados fora do país para empreendedores de pequeno e médio portes, cooperativas e associações que já desenvolvem produtos diferenciados e competitivos no exterior. E, importante, os produtos precisam ser sustentáveis”, explica Marco.

“Criamos para atender o pequeno empreendedor, que tem um produto sustentável de alta qualidade, faz parte da cadeia produtiva da bioeconomia do país, com grande potencial pra exportar, ser melhor remunerado e reconhecido no mundo todo, sem depender apenas das esporádicas e seletivas missões governamentais. Ficam aguardando para participar de uma feira, que quase sempre acontece apenas uma vez por ano, muitas vezes sem capacitação prévia, sem sequência ou ações pós feira. Nós vamos dar sustentação a essas ações o ano inteiro, buscando resultados e conversão. Queremos o melhor do Brasil nas prateleiras do mundo”, complementou.

Alimento do futuro

Apaixonado por chocolate, o gestor acredita que o cacau é o alimento do futuro principalmente pela sua sustentabilidade.

“Nós produzimos chocolates com a matéria prima da Amazônia e Mata Atlântica brasileira. E quem pensa que o chocolate é apenas um tablete delicioso com cacau e açúcar está retangularmente enganado. Um tablete ou trufa tem nos ingredientes: preservação ambiental, história, trabalho, cultura e muita saúde. O cacau nasceu sustentável. Nosso cacau e consequentemente o chocolate sequestra carbono, melhora o clima do planeta e mantém uma floresta viva e biodiversidade”, refletiu.

Empresário Marco Lessa acredita que o cacau é o alimento do futuro/Créditos: Freepick
Empresário Marco Lessa acredita que o cacau é o alimento do futuro/Créditos: Freepick

Ainda sobre a importância do fruto, ele fez questão de ressaltar a quantidade de produtos que é possível criar através dele – além de lembrar que existem mais de 800 mil pessoas vivendo exclusivamente do cacau.

“Sem pensar muito, pois se parar para pensar passarei o dia citando possibilidades a partir do fruto de ouro, ou alimento dos deuses, como é conhecido o cacau – mas vamos a uma degustação: a casca da amêndoa torrada vira chá, podemos produzir vinagre balsâmico, aguardente, cosméticos, geleias e até melaço”, falou.

“É impressionante esse potencial. Como atividade agrícola e indústria é um grande gerador de empregos por aqui. São pontos que muita gente desconhece, inclusive os governantes. Por isso reafirmo: o cacau é o símbolo da sustentabilidade brasileira”, explicou.

Para 2024, a expectativa são as melhores, principalmente com a expansão da feira.

“As melhores de sempre: mais Chocolat Festival pelo mundo, mais atrativos incríveis, mais marcas de chocolate e coprodutos do cacau, mais retorno para os pequenos produtores e chocolatemakers. Temos novos projetos que serão apresentados em breve e sei que todos adorarão. São ousados e inovadores”, concluiu.

Thierry Lalet, Presidente da Confederação dos Chocolateiros e Confeiteiros da França, e Marco Lessa (Foto: Arquivo Pessoal)
Thierry Lalet, Presidente da Confederação dos Chocolateiros e Confeiteiros da França, e Marco Lessa (Foto: Arquivo Pessoal)