Quando acreditávamos que a cozinha italiana já havia saturado em São Paulo, eis que vemos mais restaurantes típicos inaugurando por aqui, principalmente casas já conhecidas que apostam em novas unidades. “Se faz sucesso, por que não abrir mais?”, indagou Julieta.

Mas será que os novatos seguem a mesma qualidade da matriz? Com essa questão em mente, minha companheira e eu, Romeu, fomos conhecer o novo Bottega Bernacca Tre, o terceiro da marca Bottega Bernacca inaugurado em fevereiro deste ano. O endereço nos causou certa preocupação: fica na rua Amauri, que nos últimos anos vem sofrendo uma série de abre-e-fecha de restaurantes.

A má impressão se dissipou logo ao chegarmos para jantar: as mesas da calçada do Bernacca estavam cheias, assim como a fila que se formava no vizinho Serafina, e o bom movimento do Ginteria, bar que também ocupa a mesma calçada. “Ainda soube que um japonês abrirá ao lado do Bernacca. Será que a rua Amauri reviverá seus anos de glória?”, perguntou Julieta.

Em uma mescla de alto-astral com clima intimista, de mesas bem próximas, luz baixa e velas, o ambiente do novo Bernacca é um dos pontos positivos da nossa visita. A comida também não ficou atrás. A leitura inicial do cardápio bem enxuto não estimulou muito a minha parceira, que sempre busca algo que lhe instigue o paladar: “Está bem concentrado nos clássicos, como carpaccio, carbonara, tartar.” Mas isso não resultou em desânimo quando provamos os pratos de Davide Bernacca e Giuseppe Cipriani (sócios dos Bernacca), executados pelo espanhol Gerard Barberan (ex-Cipriani).

Por mais que a burrata seja comprada já pronta, não dá para negar a qualidade da pappa al pomodoro que a acompanhava (R$ 52,90), aveludada na boca, com doçura e acidez equilibrada do tomate preparado com pão.

O carpaccio cipriani (R$ 53,90) segue a receita do restaurante homônimo de Nova York e não decepcionou na delicadeza e maciez da carne, fatiada na faca, acompanhada de molho à base de mostarda e molho inglês.

Escolhemos duas massas como principais, que foram servidas diretamente da panela à mesa. Os olhos de Julieta brilharam para o espaguete ao cacio e pepe com limão e bottarga (R$ 69,90): “O molho de pecorino e pimenta-do-reino fez um casamento perfeito com o sabor salgado das ovas curadas e o perfume das raspas do limão, que contribuiu com a acidez balanceada ao prato”, avaliou. Também fiquei impressionado com a simplicidade e qualidade do espaguete all’amatriciana bianca (R$ 56,90), molho já conhecido no Bernacca, que ressalta a doçura da cebola cozida no vinho branco, servido com pancetta e presunto. Só achamos realmente salgada a sobremesa: a torta de limão com calda de frutas vermelhas, com textura de cheesecake, era uma das sugestões do dia, ao preço de R$ 31,90.

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Outro aspecto que deixou a desejar foi a porção “vinícola” da casa, da qual esperávamos uma carta com opções mais acessíveis (todos com 3 dígitos). Mesmo com foco nos rótulos italianos, ficamos com o agradável francês Les Fleurines Chardonnay 2016 para acompanhar nossos principais (R$ 138,90, preço muito acima praticado na importadora, por R$ 59,90). “Na próxima, levamos um vinho de casa e pagamos os R$ 60 da taxa de rolha”, sugeriu minha parceira. Ótima pedida para um retorno ao novo Bernacca.

Chef Gerard Barberan

Bottega Bernacca Tre
rua Amauri, 244 – Itaim Bibi – (11) 2645-2396 – São Paulo – SP
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