08/12/2017 - 16:53
por ANSA
A “Arte dos Pizzaiolos Napolitanos” foi escolhida nesta quinta-feira (7) como novo Patrimônio Imaterial da Humanidade pelo Comitê da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
A decisão foi anunciada por ministros italianos e confirmada pela entidade mundial. Com isso, é a primeira vez na história que a arte de fazer um alimento vira um patrimônio mundial.
“Vitória! A identidade gastronômica italiana é cada vez mais protegida no mundo”, disse o ministro para as Políticas Agrícolas, Maurizio Martina, através das redes sociais. Ele ainda lembrou que a campanha italiana durou oito anos e que foi aprovada unanimamente pelos membros da ONU.
Segundo a nota divulgada pela Unesco, a arte dos napolitanos “é uma prática culinária que consiste em quatro diferentes fases, desde a preparação da massa até o cozimento em forno”.
“A prática é originária de Nápoles, onde cerca de 3000 pizzaiolos agora vivem e trabalham, e desempenha um papel-chave na promoção de encontros sociais e intercâmbio entre gerações. O conhecimento e as habilidades relacionadas a esses elementos são transmitidas na ‘botteg’ do pizzaiolo, onde jovens aprendizes podem observar sua maestria no trabalho”, escreveu o comitê.
“O Made in Italy obtém um outro grande sucesso. É a primeira vez que a Unesco reconhece como patrimônio da humanidade um serviço ligado a uma das mais importantes produções alimentares, confirmando esta como uma das maiores expressões culturais de nosso país”, disse Martina em um pronunciamento.
Segundo o representante do governo, essa é uma “ótima notícia” para iniciar 2018 como o “ano da comida” na Itália.
Toda a ação para a campanha de reconhecimento começou em 2009, quando o Ministério para as Políticas Agrícolas começou a redigir o dossiê da candidatura com o apoio da Associação dos Pizzaiolos e da Região da Campânia. Eles superaram os obstáculos que muitos viam no pedido, a de que a arte de produzir as pizzas era apenas um fenômeno comercial e não uma das maiores expressões de identidade da cultura do sul do país.
Tanto o dossiê como a delegação da campanha foram coordenadas pelo professor Pier Luigi Petrillo. Ao fim do anúncio, a embaixadora italiana na Unesco, Vincenza Lomonaco, agradeceu a todos os Estados-membros que votaram a favor da Itália, destacando a centralidade do país em promover as tradições agroalimentares no contexto da Unesco.
Logo após o anúncio, um longo aplauso foi ouvido na sala das delegações e muitos representantes internacionais abraçaram o “time” italiano durante a longa noite de espera.
Já a Confederação Nacional dos Cultivadores Diretos (Coldiretti) lembrou também da campanha mundial de recolhimento de assinaturas em apoio à candidatura da “Arte dos Pizzaiolos”.
Segundo a entidade, foram recolhidas mais de dois milhões de assinaturas em 100 países diferentes.
A Itália é o país do mundo com mais sítios reconhecidos como Patrimônios da Humanidade, com mais de 50 “premiações”.
– Outras premiações: Além da “Arte dos Pizzaiolos Italianos”, outras 11 práticas foram incluídas na lista de Patrimônios Imateriais da Humanidade da Unesco.
“Jogos tradicionais Assyk”, do Cazaquistão;
“Artesanato de figuras de argila de Estremoz, de Portugal;
“Fabricação Artesanal de órgãos e música”, da Alemanha;
“Rebetiko, música urbana”, da Grécia;
Festival “Kumbh Mela”, da Índia;
“Pinisi – a arte de construção dos barcos em Sulawesi”, na Indonésia;
Jogo de equitação acompanhado por música e narração de histórias “Chogan”, do Irã;
Arte de Confeccionar e tocar o instrumento de cordas “Kamantech/Kamancha”, do Irã e Azerbaijão;
Gaita-de-foles “Uilleann piping”, da Irlanda;
“Kok Boru”, jogo de equitação tradicional do Quirguistão;
“Nsima”, tradição culinária do Malauí. (ANSA)