06/03/2019 - 8:00
por Suzana Barelli
A francesa Barbe-Nicole Clicquot (1777-1866)* é, sem dúvida, a viúva mais famosa no mundo do champanhe; mas não é a única. A história do champanhe tem capítulos importantes liderados por mulheres, que assumiram as maisons ao ficarem viúvas.
Contemporânea de Barbe-Nicole Clicquot, a também francesa Jeanne Alexandrine Louise Mélin Pommery (1819-1890), ou simplesmente Louise Pommery, assumiu a vinícola em 1860, com a morte de seu marido. Depois de fazer fortuna com o mercado de algodão, o casal havia decidido investir na elaboração de vinhos em Champanhe e ter uma vida mais tranquila.
Também apelidada de veuve (viúva, em francês) Pommery, aos 38 anos Louise se viu sozinha e com dois filhos para criar. Ao entrar no mundo dos champanhes, ela se tornou uma das pioneiras em elaborar uma bebida menos doce e mais parecida com os espumantes atuais. Diz a literatura que ela percebeu que os ingleses preferiam a bebida mais seca, sem tanta adição de açúcar como acontecia na época. Em 1874, a Pommery elaborou o seu primeiro champanhe brut.
Além de apostar neste estilo de champanhe, a viúva Pommery também ampliou, significativamente, as caves subterrâneas de sua maison. Construídas cerca de 30 metros abaixo da terra, as caves permitem o lento trabalho das leveduras nas garrafas, o que resulta nas almejadas borbulhas dos espumantes. A Pommery conta com 18 quilômetros de caves embaixo da cidade de Reims.
Lily Bollinger (1899-1977) é a terceira grande viúva do mundo dos champanhes. Ao perder o marido em 1941, ela assumiu e soube liderar a maison, inclusive durante a Segunda Guerra Mundial, equilibrando a tradição com a modernidade. Teve papel importante na promoção de seu champanhe no mercado europeu. Zelosa da qualidade, passeava pelos vinhedos todos os dias, de bicicleta, em cenas muito retratadas pelos fotógrafos.
A resposta de Lily Bollinger sobre quando bebia champanhe, em uma entrevista para um jornal inglês, entrou para a literatura das grandes frases sobre a bebida. “Eu bebo champanhe quando eu estou feliz e quando eu estou triste. Às vezes eu bebo quando estou sozinha. Quando tenho companhia, considero obrigatório. Dou um gole quando estou sem fome, e bebo quando estou com fome. Se não for assim, eu nunca nem toco no champanhe, a não ser que eu esteja com sede.”
É ou não é um bom conselho?
* Confira o texto sobre a madame Clicquot, publicado na série de Mulheres e Vinho de 2018.