A Califórnia, nos Estados Unidos, fornece mais da metade das amêndoas do mundo. Contudo, sua indústria está enfrentando problemas para exportar o produto relacionados às mudanças pós-pandemia na cadeia de suprimentos global.

O estado é responsável pela produção de cerca de 80% da oferta mundial de amêndoas, com 70% dos insumos destinados à exportação, segundo o jornal San Francisco Chronicle. Mas exportar requer contêineres, e esses têm sido muito caros recentemente. Chegou a um ponto em que a demanda por contêineres na Ásia era tão alta que, depois de deixar suas cargas no sul da Califórnia, os contêineres estavam sendo enviados de volta à Ásia vazios, em vez de seguir para o norte, no porto de Oakland, principal exportador local de amêndoas.

A situação levou o agricultor e produtor de amêndoas Scott Phippen brincar ao jornal em abril: “Você sabe qual é a exportação número um dos Estados Unidos nos últimos meses? Ar”.

O problema persistiu e, nesta semana, o Los Angeles Times relatou que as exportações de amêndoas caíram cerca de 13% este ano, com mais de R$ 6 bilhões em amêndoas não entregues. E os dados de maio da California Almonds mostram que o estoque não comprometido de amêndoas aumentou 52% em relação ao mesmo período do ano passado, ultrapassando R$ 3 milhões. É uma má notícia para o estado como um todo: as amêndoas foram a principal exportação agrícola da Califórnia no ano passado, valendo cerca de US$ 4,7 bilhões.

Pelo lado positivo, as amêndoas não são propensas à deterioração – aparentemente podem durar cerca de dois anos armazenadas – mas as questões de exportação por si só não são a única ameaça econômica da amêndoa. A inflação e a seca aumentaram o custo de produção da castanha ao mesmo tempo em que o preço médio da safra caiu, tornando as amêndoas menos lucrativas também: “Estamos enfrentando uma crise de entrega e fluxo de caixa”, disse Aubrey Bettencourt , executivo-chefe da Almond Alliance da Califórnia, ao Los Angeles Times. “De setembro a fevereiro passado, a indústria de amêndoas perdeu US$ 2 bilhões em valor – é muito dinheiro que não está indo para nossas comunidades”.

A tudo isso ainda podem ser somados os problemas naturais. As árvores dependem das abelhas para polinização, então as amêndoas são suscetíveis a diminuição das populações dos insetos. As culturas também precisam de grandes quantidades de água, sendo, portanto, suscetíveis à seca. Com todos esses empecilhos, a dúvida que fica é por quanto tempo ainda conseguiremos encontrar amêndoas facilmente.