O restaurante, conhecido como a embaixada piauiense em São Paulo, foi criado pela Chef nordestina Cafira Foz. O local idealizado e dirigido somente por mulheres tem a intenção de promover a cultura e a gastronomia do Nordeste, incentivar a diversidade e trazer pratos autorais típicos.

O Fitó, que foi batizado em homenagem ao apelido de infância da idealizadora, cresceu e sobreviveu após a pandemia. Além da casa original em Pinheiros, a rede conta com uma expansão nos prédios da Pinacoteca do estado.

Em entrevista ao site Revista Menu, a desenvolvedora e sócia do restaurante comentou sobre os principais desafios da iniciativa, as inspirações para os pratos da casa e a presença constante da culinária piauiense na capital paulista.

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Presença da culinária piauiense

A chef começa reforçando a importância a presença forte das raízes gastronômicas e culturais do Piauí e do resto da região em São Paulo.

“As cozinhas de São Paulo estão lotadas de cozinheiros piauienses. Nós, cozinheiros piauienses, sempre estivemos aqui. Por aí, por diante, nordestinos, a cultura nordestina, a alimentação e a gastronomia. Isso é o que me motiva a estudar mais, a percorrer mais, a entender muito mais quem eu sou no mundo, como uma mulher nordestina.”

“Acredito que a palavra aversão é uma palavra muito forte para a gente falar da culinária nordestina. Eu não acho que seja uma aversão à cozinha nordestina, ou o modo de vida nordestino. Acho que existe uma caricatura dessa comida, uma ideia de nordeste inventado”, explica.

Sobre as inspirações para o menu assinado por ela, Cafira conta  que apesar de trazer sua cultura natal para a maioria das comidas, vem tentando incluir novos sabores complexos e variados. “Cada vez mais tenho procurado novos afetos, novas pesquisas e novos lugares, principalmente se tratando de cozinha migratória brasileira. Como chef de cozinha sou inquieta, pesquisadora”, disse a chef.

“Tenho 8 anos de carreira desde que pisei a primeira vez em uma cozinha, hoje tenho mais segurança para criar… minha formação foi o trabalho no dia a dia. Demorou para eu me enxergar como chef de cozinha.”

Chef de cozinha e dona do restaurante Fitó, Cafira Foz (Foto: Divulgação)

Desafios da criação e mantimentos da iniciativa

Questionada sobre as dificuldades de criar e manter uma iniciativa no país, a dona do restaurante confessou que ela e seu sócio não esperavam que o Fitó fosse mais do que um restaurante de bairro. A notoriedade e a camada de clientes fiéis transformaram o nível de alcance da casa piauiense.

“Acho que o desafio é entender como estruturar uma empresa que tem as nossas necessidades, além dos poucos apoios e com uma sociedade que não entende que essas necessidades precisam ser validadas e garantidas dentro e fora do seu trabalho.”

“É um desafio diário manter essas estruturas robustas de pé sendo auto suficientes. As narrativas são muito decididas e definidas para mostrar o que cada restaurante do Fitó conta, trazer um escopo de trabalho, manter este trabalho afiado, dedicado e motivado é a maior dificuldade”, completou.

Pessoalmente, a cozinheira busca entender cada vez mais seu público alvo e aprimorar os espaços já construídos e o cardápio. Afinar toda a equipe e as experiências proporcionadas são os pontos chave para os próximos anos de expansão do restaurante.

Relação internet x gastronomia

A chef e empresária conta que a atenção nas mídias sociais, tanto em sua página pessoal quanto no perfil do restaurante, se tornou mais forte durante a pandemia como uma tentativa de continuar se comunicando com os clientes e amantes da casa.

“A gente tem uma comunidade no Fitó muito massa, muito interessante, que sempre apoia e que fala do Fitó, que divulga. Criadores de conteúdo, RP’S, jornalistas, o meu cliente diário que está lá todos os dias, que posta aquela fotinha… é muito importante. Os canais são muito importantes para a gente manter o restaurante, afinar e dialogar com essas pessoas”, reforçou.

Foto: Reprodução/Instagram

Sobre as próximas expansões e novidades no cardápio, Cafira afirma que 2025 contará com várias mudanças, mas “ainda estamos deixando tudo o mais certo possível para poder compartilhar!”.

*Estagiária sob supervisão