Ossos, ferramentas de limpeza antigas e até ouro – essas são todas as coisas que se espera encontrar ao vasculhar um “cemitério” da Idade do Ferro. O que não se espera é achar vestígios da bebida favorita daqueles povos. Em 2016, segundo o site IFLScience, arqueólogos ficaram surpresos ao descobrir um caldeirão de 2.500 anos que continha os restos de uma antiga bebida alcoólica.

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A líder do projeto, Bettina Arnold, da Universidade de Wisconsin-Milwaukee, dos Estados Unidos, estava investigando uma tumba, que remonta aos anos 400 a 450 a.C., quando ela e sua equipe encontraram o que parecia ser um caldeirão de bronze. Mas não era apenas o próprio recipiente que estava praticamente intacto.

“Na verdade, conseguimos, em última análise, ter pelo menos alguma noção do conteúdo presente naquele caldeirão de bronze”, disse ela à NPR.

O conteúdo, de cerca de 14 litros, era uma bebida alcoólica desconhecida, que havia sido enterrada junto com o ocupante do túmulo. Como os pesquisadores explicaram em uma postagem no blog, o caldeirão cheio de bebida, bem como as armas com as quais ele foi enterrado, poderiam ter permitido ao homem desconhecido “estabelecer-se como uma pessoa importante no outro mundo, como havia sido neste enquanto vivo.”

Com a descoberta, o time de arqueólogos queria descobrir se era possível preparar um pouco da bebida antiga – e provar. Para isso, eles recrutaram os serviços do paleobotânico Dr. Manfred Rösch, que foi capaz de analisar o conteúdo do caldeirão e ter uma ideia aproximada da receita.

“O conteúdo consistia em uma bebida alcoólica à base de mel na qual duas espécies de plantas, representadas por restos de pólen, estavam presentes em níveis sugerindo que foram adicionadas como aromatizantes […]: meadowsweet (um tipo de florzinha branca, frequentemente encontrada em hidromel pré-histórico) e menta”, disse a equipe.

Dessa forma, determinaram que a bebida misteriosa deveria ser um tipo de hidromel (bebida fermentada de água e mel, chamada braggot, cujas origens remontam ao passado distante, muito antes de Chaucer mencioná-lo em seus Contos de Canterbury. E, felizmente para Bettina e sua equipe, um dos produtores locais de cerveja de Milwaukee, Chad Sheridan, da Lakefront Brewery, tinha uma boa experiência na fabricação dessa bebida em particular.

Sheridan e um colega começaram a trabalhar. Demorou sete horas para fazer a receita e mais duas semanas para deixá-la fermentar, e então chegou a hora da verdade.

Bonnie North, da NPR, descreveu o primeiro gole na bebida da Idade do Ferro: “Tive que saborear o produto final. O resultado foi suave e agradável – quase como um porto seco, mas com um tom mentolado e herbal.”