O Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural da Cidade Bauru (Codepac) divulgou recentemente que o sanduíche bauru será considerado patrimônio cultural imaterial da cidade. O prato já faz parte da lista oficial de patrimônios do Estado de São Paulo desde 2018, mas a nova adição ao município do oeste paulista foi publicada no Diário Oficial do local no dia 31 de outubro.

O lanche também foi registrado no Livro de Registro de Saberes, que documenta as práticas culturais tradicionais do país, na divisão “Modo de Fazer”.

História do sanduíche

A história do prato tradicional começou em 1936 com o radialista Casemiro Pinto Neto, na época estudante de direito da Universidade de São Paulo e conhecido como Bauru. Em uma noite em que estava atrasado, o estudante que já frequentava o Ponto Chic, bar de São Paulo, pediu ao atendente um lanche diferente e específico – o pão francês precisava ser aberto e seu miolo retirado, além de ser recheado com queijo derretido, rosbife e tomate.

O sanduíche foi então apelidado de Bauru, em honra ao homem que o pediu – e rapidamente se espalhou pela cidade. Outros clientes se apaixonaram pela receita e logo ele se tornou o carro-chefe do estabelecimento, hoje em dia conhecido como a casa do original.

Nos anos 1990, Bauru oficializou a receita do lanche como produto típico da cidade, pela Lei Municipal nº4314. Além de criar uma estátua, apelidada de “bauruzinho”, que se tornou ponto turístico do lugar.

Ponto Chic, restaurante onde nasceu o clássico Bauru, faz 100 anos (Foto: Divulgação)
Ponto Chic, restaurante onde nasceu o clássico Bauru, faz 100 anos (Foto: Divulgação)

Polêmicas e regulamentações

Durante a pesquisa para a adição na lista de patrimônios, a discussão sobre a presença ou não do picles foi ponto central entre os responsáveis. O lanche original, pedido pelo radialista, não continha o alimento, já que ele foi acrescentado a receita somente na década de 1950, quando se popularizou e começou a receber influências dos restaurantes de fast food norte-americanos. Segundo a análise, a junção da conserva foi feita pelos donos do Ponto Chic nos anos 50, e a receita do arquivo oficial do patrimônio conta com o ingrediente.

Além disso, o registro oficial do bauru garante que mesmo que a receita sofra alterações ou substituições, seu modo de preparo e o guia de ingredientes permaneçam intactos – sendo possível fazer comparações com as modificações futuras.

O Conselho Municipal de Turismo (Comtur) e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedecon) da cidade padroeira do nome, possuem um certificado, emitido a cada dois anos, o qual comprova que o estabelecimento em questão segue com a preparação original do lanche. O Empório Santa Emília, localizado no Boulevard Shopping em Bauru, e o Empório Santa Therezinha, encontrado em São José do Rio Preto, são dois exemplos que possuem essas certificações.

Confira a receita oficial do clássico:

  • Pão francês, sem o miolo na metade superior;
  • Fatias de rosbife com sal;
  • Tomate em rodelas, com orégano;
  • Queijo amarelo derretido na água;
  • Picles.

*Com informações do ‘g1’