Grandes incêndios florestais estão afetando o sul e o centro do Chile desde o fim de janeiro deste ano. E os estragos têm sido enormes, com inúmeras mortes, perdas de casas e devastação agrícola. Segundo o TastingTable, ao menos 26 pessoas morreram, mais de 1.500 casas e pouco mais de 364 mil hectares de florestas foram destruídos, e o fogo continua. Com isso, como mostra a reportagem, sofre também a indústria do vinho no país, um dos mais tradicionais na produção da bebida na América latina.

Já existem estatísticas preocupantes sobre o impacto dos incêndios florestais deste ano para a produção de vinho chileno. Mais de 400 hectares de vinhas foram destruídos, incluindo algumas com videiras plantadas em 1798, verdadeiros tesouros que não podem ser recuperados. Para a colheita de 2023, que começa no final de fevereiro, é certo que haverá uvas afetadas pela fumaça dos incêndios.

Leo Erazo, enólogo do Vale do Itata, perdeu 90% de suas vinhas no incêndio. Embora saiba que a perda financeira é insignificante em comparação com as pessoas que perderam casas e vidas, ele não tem grandes esperanças nas uvas que restaram e que serão colhidas em breve. “Vamos fazer vinho de qualquer maneira. É provável que eles tenham sabor de fumaça, mas não saberemos até que os façamos”, afirmou ele.

O fato de os incêndios florestais terem consumido vinhedos tão ao sul do Chile quanto a região da Araucanía, onde fica o Vale do Malleco, significa que os produtores de uva estão ficando sem espaços para plantar que não sejam afetados pelo aumento das temperaturas e pelas condições de seca que tornam a área suscetível a mais incêndios no futuro.

A produção de vinho no Chile responde diretamente por cerca de 100 mil empregos, de acordo com a Wines of Chile, o que significa que o impacto econômico de uma safra menor será profundo.