por Pedro Marques

Quais os pratos que faziam parte da mesa do imperador D. Pedro 2º? E como uma artista gráfica virou dona de um dos blogs mais importantes sobre fotografia de comida? É isso o que contam, respectivamente, os livros A cozinha do imperador e O que Katie comeu. O primeiro é uma coleção de cardápios colecionados pelo imperador e sua esposa, D. Theresa Cristina Maria. Mais que um simples relato de pratos, o livro é um retrato da culinária no Brasil e no mundo no final do século 19. O segundo é um livro para os amantes de fotografia de comida. O título até tem receitas, mas você vai, mesmo, é babar (ou se insiprar) nas lindas imagens produzidas por Katie Quinn Davies também. A lista tem ainda a segunda edição de Alimentação viva e ecológica, da nutricionista Ros’Ellis Moraes. Para aqueles dispostos a se alimentar melhor neste 2014.

A cozinha do imperador

Como era a cozinha brasileira no século 19? A resposta depende, principalmente de quem come. Os pratos servidos às mesas mais humildes com certeza não eram os mesmos da realeza local. E foi da investigação dos hábitos da nobreza brasileira do século retrasado – especialmente do que comia o imperador D. Pedro 2º – que nasceu Os banquetes do imperador, por Francisco Lellis e André Bocatto. A dupla de escritores selecionou 130 dos 780 cardápios do século 19 colecionados por d. Pedro 2º e que hoje fazem parte da Collecção D. Theresa Cristina Maria (cujo nome é uma homenagem à esposa do imperador), preservada pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Os menus são reproduzidos integralmente e destacam-se pela rica iconografia e o texto em francês, que no livro foi traduzido para o português e registra pratos que hoje já nem se provam mais, como a galantine de macuco (ave brasileira envolta em gelatina), cabeça de porco desossada  e maionese de lavagante (uma espécie de lagosta). Mais do que um registro, o livro situa o leitor no momento histórico e ainda retrata a importância dos livros de cozinha vindos da Europa e a evolução dos primeiros livros de culinária brasileiros. Indispensável para quem se interessa pela história da gastronomia do Brasil.

Os Banquetes do Imperador – André Bocatto e Francisco Lellis – Editora Senac SP – R$ 199,90 (446 págs.)

O que Katie comeu

A vida da designer irlandesa Katie Quinn Davies mudou depois de se mudar com o marido para a Austrália. Ao começar a nova vida, ela se dedicou a estudar fotografia e passou a fazer suas próprias produções culinárias. Logo depois ela tinha se tornado uma respeitada fotógrafa de comida – e suas experiências passaram a ser publicadas no blog What Katie Ate (www.whatkatieate.com). Agora, essas experiências estão reunidas no livro Quando Katie Cozinha, em que a fotógrafa apresenta um bom punhado de receitas divididas em café da manhã, almoço, jantar, lanches e molhos. Como acontece com livros de autores estrangeiros, as receitas não são exatamente familiares para o paladar brasileiro. O “porém” é que foi a própria Katie quem fotografou os pratos – e as imagens são lindas e apetitosas. O que faz de Quando Katie Cozinha mais um livro de referência para quem se interessa por fotografia de comida do que um livro de receitas per se. Só é uma pena que Katie não tenha dividido seus segredos de fotografia no livro.

Quando Katie Cozinha – Katie Quinn Davies – Editora Panelinha – R$ 69,90 (304 págs.)

Um guia para a alimentação viva

A promessa de se alimentar melhor e, quem sabe, emagrecer uns quilinhos faz parte das metas de Ano Novo de muita gente. Para quem está disposto a levar a sério essa promessa, vale conferir a segunda edição de Alimentação viva e ecológica, da nutricionista Ros’Ellis Moraes. Especialista na chamada alimentação viva, que defende que os ingredientes sejam consumidos crus ou germinados e que limita a temperatura de cocção em até 40ºC para preservar os nutrientes dos alimentos, Ros’Ellis defende a tese de que essa dieta tem propriedades curativas, além de ser sustentável e positiva para o meio ambiente. Se adaptar a essa nova dieta, que abole o uso de carnes e qualquer ingrediente de origem animal, no entanto, pode se tornar um desafio. Por isso, a nutricionista apresenta receitas para os que estão começando nessa jornada. Vale ressaltar que a alimentação viva é vista com restrições por muitos médicos, principalmente pela ausência de nutrientes (afinal, o ser humano evoluiu como um animal onívoro e depende de proteínas animais em sua alimentação). Não deixe de consultar um especialista antes de colocar a resolução de Ano Novo em prática.

Alimentação viva e ecológica – Ros’Ellis Moraes – Editora Alaúde – R$ 42,50 (292 págs.)