31/01/2022 - 16:32
Em recente ida ao Rio Grande do Sul, mais precisamente ao Alegrete, região de fronteira com a Argentina e próxima ao Uruguai, fui apresentada de verdade ao chimarrão.
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Em tempos de Covid-19, o hábito de compartilhar o recipiente é desencorajado, mas a tradição da pausa para uma charla (conversa), cada um com seu próprio mate na mão, segue a mesma por lá.
Exceto por uma nova moda em utensílios térmicos, tudo poderia ser quase como sempre foi nessa região Sul-americana de tantas histórias e particularidades gastronômicas. Após virar febre entre os bebedores de cerveja e chope (do litoral ao interior do Brasil), o copo Stanley de inox também já “pegou” entre os gaúchos. Inclusive, entre os mais tradicionais, popularmente apelidados de gaúchos “raiz”.
Nessa ocasião, fui gentilmente presenteada pelos amigos da Estância Silêncio e da marca Estâncias Gaúchas com duas cuias artesanais de porongo (uma espécie de cabaça natural) sem base de apoio, para mãos experientes.
Ganhei também erva-mate “da boa”, térmica para conservar a água quente e uma linda bomba (espécie de canudo) da região das Sete Povos das Missões talhada em prata e ouro. Aliás, faço planos de voltar para conhecer melhor as pessoas dessas terras de resistência aos jesuítas espanhóis.
Aprendi a acomodar a erva na metade da cuia, a colocar a água fervendo na outra metade e a sugar o líquido fervendo repetidas vezes até fazer roncar. Queimei a língua, a boca, as mãos e, quando já me considerava uma aprendiz de sucesso, soube que a famosa marca norte-americana de copos (e agora, também, de cuias e bombas) havia conquistado meus novos companheiros de viagem.
A novata, que chega a ser dez vezes o da artesanal (R$ 150), só perde para o valor emocional atribuído à concorrente. “Mantém a temperatura da bebida por igual” e “é mais fácil de limpar” são duas das vantagens mais usadas para justificar a troca (inclusive para o tererê). E, pela empolgação na defesa dos argumentos, é um caminho sem volta.
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(*) Da redação Menu