13/09/2019 - 18:00
por Esther Morel
Importante símbolo nacional na gastronomia, a cachaça tem seu próprio dia desde 2009, quando o Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac) instituiu a comemoração, sempre em 13 de setembro.
A escolha se baseou no dia em que a bebida passou a ser liberada para fabricação e venda no Brasil, no ano de 1661, após uma revolta popular (Revolta da Cachaça) contra as proibições da coroa portuguesa. O objetivo dos colonizadores era de difundir a bagaceira, uma aguardente típica do país.
Apesar do projeto de lei para tornar a data oficial ainda estar tramitando no Senado, o diretor executivo do Ibrac, Carlos Lima, acredita que os bons resultados já estão aparecendo.
“No primeiro ano ninguém falava do Dia Nacional da Cachaça. De repente, de uma hora para a outra houve um boom de eventos e iniciativas em função do dia 13 de setembro. A data cumpriu com a sua missão de valorizar o destilado verde-e-amarelo”, comenta Carlos.
Em todo o setor gastronômico é possível ver essa intenção de trabalhar para a difusão da bebida. Já se fala em dia, semana e até mesmo mês da cachaça. Barmen como Laércio Zulu, acabaram se especializando no destilado por sentirem que o mercado estava precisando.
“No começo eu era fazedor e também criador. Eu criava drinques, tinha uma paixão por isso. E são fases. Chega uma hora que você vai entendendo a identidade do bartender. No quarto ou quinto ano trabalhando eu pensei: ‘Ok, me encontrei’. Eu sabia que queria continuar no bar, mas ainda faltava a minha marca, saber quem eu queria ser na ‘fila do pão de queijo'”, relata Zulu. “Eu já tinhas muitas referências, como Sylas Rocha e Spencer Amereno, e tentei seguir pela coquetelaria norte-americana. Mas foi conversando com amigos que eles me despertaram: ‘Você não é norte-americano, não tem nada a ver com isso. Você é o cara da cachaça!’. E foi aí que a ficha caiu.”
Ainda lutando contra um olhar preconceituoso dos próprios brasileiros, a cachaça está ligada a questões raciais e econômicas no País, visto que sua produção e seu consumo estão relacionados às senzalas e ao sistema colonial escravista. “No fim das contas, é a história do Brasil que você precisa ler para entender a cachaça como cultura”, frisa Zulu.
Outro grande desafio para o reconhecimento da cachaça é na área de exportações. Mercados como a Nova Zelândia e os Estados Unidos ainda se referem e comercializam o produto como uma variedade de rum, apesar das claras distinções no processo de destilação das bebidas e também dos acordos e tratados internacionais firmados pelos governos, de modo a proteger a identidade da cachaça.
“Por ser uma data nacional, não temos muita repercussão lá fora, mas a gente observa que algumas embaixadas já vêm fazendo ações festivas do dia 13 de setembro. Ou até próximo do dia. E aí a gente tem uma feliz coincidência: temos duas datas em setembro, o dia 7 e o dia 13. A gente percebe que algumas embaixadas fazem comemorações do Dia do Brasil, em alguma data intermediária ou em um dos dias, também com a cachaça”, explica Carlos Lima.
Enquanto o Ibrac luta pela correta nomenclatura da cachaça, outro ponto de vista é que o “rum brasileiro” pode ser uma porta de entrada para quem quer conhecer a bebida: “E, depois que conhecer, a pessoa vai perceber que é totalmente diferente”, pontua Laércio Zulu.
Independentemente do nome ou da data de comemoração, o importante é reconhecer que a cachaça vai muito além das garrafas do supermercado. Há todo um novo mercado de pequenos produtores – e até grande -, criando e lançando ainda mais rótulos que fazem jus à grandeza do destilado tupiniquim.
E como aqui na Menu tudo é motivo para comemorar comendo e bebendo bem, separamos uma lista de receitas para quem quer testar em casa toda a versatilidade da cachaça. São entradas, pratos principais, sobremesas e, claro, muitas opções de drinques para curtir o fim de semana. Aproveite!
Cinco receitas de pratos com cachaça
Cinco drinques fáceis com cachaça
Cinco drinques com cachaça envelhecida
Cinco drinques criativos com cachaça