por Romeu e Julieta* 

Mesmo diante da insegurança em relação à qualidade de nossa carne, parece que o brasileiro não deixou essa paixão de lado. É o que deu para perceber nas mesas lotadas do Cór, restaurante inaugurado em abril do ano passado em São Paulo, que Romeu e eu, Julieta, fomos visitar.

As carnes preparadas na chamativa churrasqueira a lenha, dentro da cozinha de finalização aberta para o salão, são a grande atração da nova casa, que ocupa o lugar do restaurante Batubara, no Alto de Pinheiros. O dono continua o mesmo: o empresário Alexandre Mora, que, para essa mudança radical, contou com a consultoria de peso do chef peruano Renzo Garibaldi, do restaurante Osso, em Lima.

Quem entra no Cór nota que houve muito empenho para deixar a casa, de arquitetura mais clássica, com grandes janelas de arcos, mais “bruta”: além da churrasqueira, estruturas de metal no teto, luminárias pretas enormes, pratos em pedra-sabão e até papel craft nas mesas dão um clima mais contemporâneo ao salão.

O cardápio segue o mesmo caminho. É enxuto, mas passeia por diversos hits culinários, com toque autoral. Vai desde o hambúrguer (com queijo mogiana, bacon com mel e maionese de alho, acompanhado de fritas ou salada, R$ 39**) até a pancetta de porco (com purê defumado de batata-doce, R$ 57). E, claro, uma bela parte é dedicada às carnes, com cortes tradicionais e em dry-aged, de 21 dias e de 60 dias de maturação (R$ 20 e R$ 30 cada 100 gramas, respectivamente). “As carnes são maturadas a seco na casa, temos uma câmara fria”, avisa o atencioso garçom. Como cada peça de dry-aged tem, no mínimo, 500 gramas, decidimos pedir uma para dividir como principal. O prime rib veio no ponto solicitado, rosado por dentro, porém muito firme na mordida. “É saborosa, mas poderia ser mais macia e suculenta”, comentou Romeu. Para quem gosta do estilo (que virou moda nos últimos anos), o sabor característico é intenso. Entre as opções de acompanhamento, nos demos bem com a salada de batata (R$ 12), com textura quase de purê e sabor caseiro.

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A carne também esteve presente na entrada escolhida por meu companheiro. A nossa carne crua (R$ 35), com filé-mignon maturado por três dias, picado grosseiramente e envolvido em gema de ovo, cebolinha e flor de sal, era untuosa e delicada no paladar. Só pecou pela limpeza da peça, com vários pedacinhos de gordura.

Vale lembrar que nem tudo é carne no Cór. Da grelha também sai o polvo na brasa com chimichurri e pasta de pimentão, acompanhado de salada de erva-doce e maçã verde (R$ 35), minha escolha de entrada. De ponto perfeito, macio e suculento, o polvo ficou harmonioso na boca com o frescor e acidez da salada. Há ainda muitas opções no cardápio para compartilhar, algo que também virou moda nos restaurantes da cidade.

Entre as sobremesas, Romeu apreciou muito o equilíbrio da espuma de iogurte com sorbet de maracujá e calda de fruta-do-conde (R$ 23) e eu esperava mais do ceviche de frutas com leche de tigre de castanha-do-pará (R$ 16), um pouco adstringente no paladar. “Mas há mais pontos positivos no conjunto da obra”, avaliou Romeu. Pela curiosidade em ver o que o Cór pode mais nos oferecer, meu retorno está marcado.

 

Cór Restaurante

praça São Marcos, 825 – Alto de Pinheiros (veja no mapa)

(11) 3726-2908 – São Paulo – SP

corgastronomia.com.br

 

* Romeu e Julieta é o casal de críticos anônimos da Menu. E a crítica foi publicada na edição 217

** Os preços podem ter sofrido alterações