por Suzana Barelli

A arquiteta italiana Elena Walch nunca pensou em ter um vinhedo e muito menos em ter os vinhos, com o seu nome estampado nos rótulos, reconhecidos pela crítica internacional. Sua aventura neste mundo começa com o convite para restaurar um castelo renascentista no Alto Adige, norte da Itália, rodeados de vinhedos. Durante as obras, ela e Werner Walch, o proprietário do Castel Ringberg, construído pela dinastia de Habsburg no século 17, se apaixonaram. Poucos anos depois, a arquiteta se tornou a senhora Walch, integrando a quarta geração de uma das mais tradicionais vinícolas da região.

Jovem e cheia de ideias, Elena queria trazer uma proposta mais moderna aos vinhos. No acordo familiar, o casal decidiu que o marido continuaria a elaborar os vinhos com a marca Wilhelm Walch, de acordo com as técnicas que Werner aprendeu com o seu pai, e Elena teria a sua própria marca, utilizando uvas de alguns vinhedos da família. Em entrevistas, Elena lembra que não foi fácil, na década de 1980, explicar para os trabalhadores o que ela queria nos vinhedos e se fazer obedecer. Depois de alguns anos de experiência, em 1988, ela lançou a sua primeira safra.

Atualmente, Elena conta com 60 hectares de vinhedos, cultivados com variedades autóctones, como a schiava, que dá origem ao Per Sé, e também com variedades internacionais, como sauvignon blanc e merlot. Os seus melhores vinhos vem de dois vinhedos históricos, o Castel Ringberg e o Kastelaz. Seu foco é o conceito de terroir, respeitando as peculiaridades desta região montanhosa e, também, a sustentabilidade. O site da vinícola, por exemplo, lista todas as práticas sustentáveis seguidas, como o cultivo orgânico, no vinhedo, o uso de energia solar na vinícola, e a compra de garrafas mais leves, para diminuir a emissão de CO2 em seu transporte, por exemplo. Hoje, Elena conta com a ajuda de suas duas filhas, Julia e Karoline.