Por Suzana Barelli

Convencionou-se batizar março como o mês das mulheres. E isso inclui também o vinho. A data de 8 de março marca as reivindicações das mulheres por melhores condições de trabalho e só há, atualmente, muitas mulheres no mundo de brancos e tintos exatamente porque mudaram as relações de trabalho.

Mas esta é uma longa história. Meu convite aos leitores, aqui, é reunir no site da Menu, durante o mês de março, as mais diversas histórias de mulheres ligadas ao vinho. E começo esta série com uma brasileira, quase italiana. É a enóloga Mônica Rossetti, que até o final do ano passado estava à frente dos vinhos da Lídio Carraro, a vinícola familiar gaúcha que elaborou os brancos e tintos da Copa do Mundo e da Olimpíada.

Mônica fez carreira na Lídio Carraro, desde o início do projeto de se posicionar como uma vinícola boutique no Brasil, no princípio dos anos 2000. Apostou nos vinhedos em Encruzilhada do Sul e abriu mão do uso da madeira (leia-se barris de carvalho) para elaborar seus vinhos. “Tenho orgulho de ter participado do início do sonho por um vinho brasileiro de qualidade”, conta ela.

Irrequieta e com sede de aprender mais, não demorou para Mônica começar a fazer estágios em vinícolas italianas. Por mais de dez anos, ela dividiu seu tempo entre Brasil e Itália, ganhando experiência de duas safras por ano, uma aqui, no hemisfério sul, entre janeiro e março, e outra no hemisfério norte, a partir de setembro. Mas os ventos sopraram para o continente europeu e desde o final do ano passado a Itália é o seu endereço principal (e em maio, ela se casa com um italiano, fixando residência definitiva no país). Ao longo dos anos, Mônica foi prestando consultoria para diversas vinícolas, principalmente no norte da Itália. Orgulha-se, principalmente, de um projeto para o grupo Lunelli, no Brasil conhecido pelos espumantes Ferrari. Atualmente, tem uma empresa que leva o seu nome e que trabalha em diversas frentes no mundo do vinho, da consultoria em vinhedos aos cursos de formação do consumidor.

p.s. A Lídio Carraro, com a saída de Mônica, decidiu apostar numa solução familiar. Giovanni, o caçula dos três irmãos, assumiu a enologia da vinícola. Juliano Carraro, que cuida da parte comercial, promete vários lançamentos nesta nova fase da vinícola, principalmente nesta safra de 2018, que os produtores brasileiros estão batizando de muito boa.