por Cintia Oliveira*

Se fosse possível resumir em uma palavra a relação do cantor português Roberto Leal com a pequena aldeia onde nasceu, em Trás-os-Montes, essa seria saudade. Além de entoar esse sentimento em mais de quatro décadas de discografia, Leal evoca suas raízes à mesa, de preferência na companhia de uma taça de vinho.

Agora, o cantor compartilha um pouco de suas tradições transmontanas com os brasileiros. Em sua terra são feitos os vinhos branco, tinto e verde da linha Aldeia Leal, lançada no começo do ano em parceria com a rede Pão de Açúcar. A seguir, ele fala sobre a sua paixão pela bebida.

Qual é a sua relação com os vinhos?

Para nós, portugueses, o vinho é mais do que uma bebida alcoólica: é um alimento. Está enraizado em nossa cultura. Tanto que tem uma música que diz: “Numa casa portuguesa fica bem / pão e vinho sobre a mesa.”

Como surgiu a linha Aldeia Leal?

No início, nosso objetivo era trazer um vinho de qualidade, honesto e por um preço justo. Hoje, nosso vinho é um dos mais vendidos da rede. Mais do que competir no mercado, esse projeto é como tudo que fiz na vida: um prazer.

Qual foi o vinho mais especial que você já provou?

Tinha ido fazer um show na festa de Santo Ambrósio e estava muito feliz por voltar à minha terra natal. Fiquei numa casa em Mirandela e, como o transmontano é anfritrião como ninguém, me serviram o melhor vinho da região, o Quinta dos Castelares, junto com um polvo à lagareiro e um bacalhau com ovos, verduras e muito azeite da região. O vinho estava redondo e lembrava muito o famoso Barca Velha.

Tem uma adega na sua casa?

Em todas as casas que eu tive, sempre construí adegas. Hoje, tenho uma modesta, na minha casa em Alphaville (SP), com cerca de 200 rótulos, todos premiados.

Você é daqueles enófilos que costumam abrir os vinhos ou prefere guardá-los para ocasiões especiais?

Acho que vinho tem que ser apreciado com calma. Então, raramente tomo vinho no almoço. Mas te digo que não sou de ficar guardando, não: sempre acho um motivo para abrir uma garrafa. Principalmente, quando estou cercado de amigos.

* Entrevista publicada na seção Eu Gosto, da edição 219