por Suzana Barelli

No universo de 180 milhões de garrafas elaboradas por ano, a enóloga Gloria Collell achou o seu espaço dentro do grupo Freixenet, com as linhas especiais de cava. Primeiro foi a Mía, de espumantes joviais, mais adocicados, depois, as sangrias, de vinhos e espumantes com frutas, da mesma marca. Mais recentemente, foi o prosecco (sim a Freixenet, gigante por seus cavas, o mais famoso espumante espanhol, também tem em seu portfolio o mais badalado espumante italiano). O diferencial de Gloria é não apenas participar da criação da bebida, como enóloga que é, mas atuar em todo o desenvolvimento de marketing, da escolha da garrafa, da embalagem, pesquisa de mercado e tudo mais. E, aqui, vale o comentário: a garrafa do prosecco é linda, com muita personalidade.

Natural de uma família que produz vinho na Catalunha, ela chegou à enologia depois de desistir de um curso de direito. Na Freixenet, trabalha como enóloga, mas com um pé no marketing e na criação, como ela conta na entrevista a seguir.

Como você entrou no mercado do vinho?
Eu nasci em uma família dedicada ao vinho. Meu avô tinha um negócio de venda de vinhos a granel. Meu pai modernizou o negócio e o transformou em distribuição de vinho engarrafados para o mundo todo. Eu decidi estudar direito, mas percebi que a paixão que eu sentia pelos vinhos era maior do que a que eu sentia pela advocacia. Então voltei para casa e comecei a minha carreira no setor de enologia, ajudando nos negócios da família. Depois decidi estudar enologia. E este foi o começo da minha paixão por vinhedos e vinícolas.

Na Freixenet, o que veio primeiro, a enologia ou o marketing?
Eu comecei como enóloga, na linha de vinhos e espumantes Mía. E fui para o marketing para ajudar no processo de desenvolvimento da marca, mas sem deixar de ser a responsável pela produção do vinho. O último projeto que eu me envolvi, unindo marketing e vinificação, foi o lançamento do prosecco, o primeiro espumante italiano da Freixenet.

Como você se inspira para criar espumantes diferenciados, como o Mía e o prosecco?
Na minha opinião, a inspiração vem depois da observação. Observamos o comportamento dos consumidores, as tendências gerais, as tendências do mercado de espumantes… No final, o que queremos é fazer as pessoas felizes, entregando os vinhos que as façam felizes, que as sintam bem.

Qual a sua inspiração para criar estas duas linhas?
Com o Mía, a minha inspiração foi a cidade de Barcelona e o fato que eu queria chamar a atenção dos jovens, com os sabores mais doces, a garrafa colorida. É o estilo da cidade e o estilo de seu povo. Com o prosecco, a ideia era refletir o glamour italiano, de uma maneira milenar, mas com uma garrafa bonita e atraente, com um brilho que respeita a qualidade de uma DOC Prosecco, e também de uma maneira fácil de beber.

Quais os novos projetos que você está trabalhando?
Na Freixenet, estamos sempre pensando em novos projetos e atualizando nosso portfolio. Existem alguns projetos novos e interessantes, que ainda são confidenciais.

Em sua opinião, há diferenças na maneira que uma mulher ou um homem elaboram um novo vinho?
Eu acho que não. Acho que os vinicultores fazem vinhos que expressam a sua própria sensibilidade e percepção do mundo e da sociedade, mas principalmente eles são tradutores do solo, do clima e da variedade da uva. Isso resultará em um vinho ou um espumante com o seu próprio caráter.