20/09/2013 - 21:15
Por Suzana Barelli
Há três anos, o Grenache Symposium definiu a terceira sexta-feira de setembro como o Grenache Day. A ideia deste congresso realizado no sul da França para discutir o futuro desta uva era promover vários eventos em todo o mundo num só dia e, assim, chamar atenção para os vinhos elaborados com a cepa.
Apesar de muito cultivada – a grenache já foi a uva mais plantada na Espanha, posição hoje ocupada pela tempranillo – a cepa é uma desconhecida da maioria dos consumidores. E isso tem uma explicação. Ao contrário de uma cabernet sauvignon, de uma merlot ou de uma chardonnay, que dão origem a bons brancos e tintos varietais (elaborados com uma só uva), a grenache faz sucesso nos chamados vinhos de blend, nos quais várias uvas são mescladas para dar origem a bebida. Em consequencia, seu nome é pouco estampado nos rótulos. O melhor exemplo é o châteauneuf-du-Pape, o famoso tinto do Rhône, que pode ser elaborado com até 13 cepas, entre brancas e tintas, com destaque para a grenache e a syrah.
Para marcar a data, participei de uma degustação no restaurante Arturito, em São Paulo, com 11 vinhos elaborados com a grenache, ou garnacha, como é conhecida a uva na Espanha. No painel, é interessante perceber as diversas facetas desta uva. A prova começou com um rosado, o Haedus Rosé 2011, elaborado com 60% de grenache, 30% de cinsault e 10% de cabernet sauvignon (R$ 61,20, até o dia 23, na Zahil).
Passou por tintos do Novo Mundo, como o d’ Arry’s Original 2009, da australiana d’ Arenberg (R$ 128, também na Zahil), um corte de syrah e grenache, com a fruta típica deste país. E por tintos do Velho Mundo, como o Dettori Tuderi Romangia IGT 2006, um tinto de personalidade, elaborado com a cannonau, como a uva é chamada na Sardenha, na Itália, que revela o toque mais picante da cepa (R$ 162,30 na Decanter). Ou o Montirius Vacqueyras Garrigues 2010, de cultivo biodinâmico (R$ 127,60, na Decanter) e o Domaine Raspail-Ay 2009, da sub-região de Gigondas, no Rhône (R$ 126,50, na Premium).
Os melhores destaques ficaram para o final. O Cims de Porrera 2005 (R$ 408, na Casa Flora), que comprova a mescla de potência e elegância do Priorato espanhol, elaborado com carignan e garnacha; e o Château de Beaucastel 1998 (R$ 625, a safra de 2008 na World Wine), que é um clássico em Châteauneuf-du-Pape.
O brinde final foi com um banyuls da safra de 1977, da Domaine du Mas Blanc, provado graças à generosidade de um amigo. O banyuls é a prova de que os vinhos fortificados elaborados com a grenache harmonizam muito bem com chocolate.
Que venham mais Grenache Days!