por Suzana Barelli

O ano de 2016 será marcado pela venda de vinhos mais baratos no Brasil. Os dados sobre a importação de brancos e tintos, referentes ao primeiro semestre, já confirmam essa previsão. De janeiro a junho, a importação de vinhos teve uma queda de 6,8% em valor, na comparação com igual período de 2015. Mas o volume de garrafas trazidas para cá cresceu 5%. Os dados são do consultor Adão Morellatto, que assessora diversas empresas na importação de garrafas para o Brasil.

São várias as razões que explicam a migração para os vinhos mais em conta. A primeira é a crise econômica – com menos dinheiro no bolso, o tíquete médio do vinho foi reduzido, e não poderia ser diferente. Depois, brancos e tintos ficaram mais caros ao longo do ano: em dezembro de 2015, o reajuste do IPI para 10% do valor de cada garrafa (antes era um valor fixo) levou a remarcações na tabela de preços das importadoras e também dos produtores nacionais. A desvalorização do real frente ao dólar, por sua vez, contribuiu para novos reajustes.

Com o vinho mais caro e a retração dos consumidores, as importadoras focaram na prospecção de brancos e tintos mais baratos pelo mundo afora. Muitas apostaram em produtores de regiões menos conceituadas que, consequentemente, elaboram vinhos mais baratos, como La Mancha na Espanha, e Languedoc, na França. Outras investiram em rótulos exclusivos para o mercado brasileiro. A Adega Alentejana lançou o português Porta do Sol, nas versões branco e tinto, enquanto a Mistral trouxe a linha Estiba I, da Catena, antes limitada ao mercado argentino, entre outros exemplos. E todos foram agraciados por um inverno muito frio, que é o maior motivador da venda de vinhos.

Sobre a procedência das garrafas, o Chile não só manteve a liderança, como suas vendas para o Brasil cresceram 11,13% em valor e 15,59% em volume nesse período em comparação com o primeiro semestre de 2015. “O país nos mostra que é possível crescer, interagir, alternar, inserir e encontrar novos nichos e consumidores ávidos por produtos que não oneram o bolso”, escreve Morellatto em seu relatório. O país andino responde por 50% do mercado de vinhos importados, em valor, e por 53,18%, em volume. Foi o único país que registrou crescimento em dólar.

A Argentina manteve-se em segundo lugar do ranking, com uma queda de 3% no volume exportado para o Brasil, e de 22% em valor. Os vinhos argentinos, calcula Morellatto, têm um custo médio por garrafa 14,28% maior do que os chilenos; 10,87% mais alto do que os portugueses e 7,43% acima dos italianos.

O terceiro lugar ficou com Portugal, com a retração de 16,58% em valor e 2,13% em volume. Em quarto desse ranking, está a Itália, com queda de 20,88% em valor e 12,37% em volume. Em quinto, a França registrou uma diminuição de 31% em valor e 2,20% em volume. A Espanha, único país europeu a ter um crescimento das vendas em volume, ocupa a sexta posição. Em volume, chegaram 7,21% mais garrafas de vinhos espanhóis no Brasil na comparação com o primeiro semestre de 2015. Em valor, a retração na venda desses vinhos foi de 9,44%.