Ainda que já seja possível encontrar bares e restaurantes lotados novamente, 2022 dificilmente será um ano brilhante para o setor. Primeiro, pela dificuldade de cravar a recuperação com uma inflação acumulada acima dos 10% e diante de uma economia incerta, o que abala a confiança do consumidor brasileiro.

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Segundo, pelas ondas da Ômicron e de influenza, que estão dificultando a operação e provocando novos fechamentos – desta vez, em decorrência do alto índice de contaminações entre os trabalhadores, afastando cerca de 20% dos funcionários dos salões toda semana, segundo a Abrasel.

Os números da entidade apontam um movimento de fim de ano ainda 3% abaixo do patamar de 2019, mesmo no período de pico puxado pela liberação de uma demanda represada.

As chuvas que devastaram diversas regiões do País também atrapalharam a retomada do setor nos últimos meses, principalmente se considerado que muitas das regiões afetadas dependiam do movimento de verão, caso de destinos turísticos na Bahia e em Minas Gerais.

Passada a euforia com a temporada de calor e os reencontros, restará a esses estabelecimentos contar com uma demanda que antes da pandemia se sustentava na rotina de trabalhadores.

Este será um dos maiores desafios do setor: convencer as pessoas a voltarem a comer fora de casa. Muitos dos que precisaram voltar às atividades presenciais criaram estratégias alternativas para fazer suas refeições nesses últimos dois anos, com novos hábitos de consumir comida caseira ou adequados ao delivery de marmitas.

Mais do que isso, os 71% de brasileiros que perderam renda nesse período, seja pelo desemprego, pressão inflacionária ou achatamento salarial, devem rever essa frequência de alimentação na rua.

As redes supermercadistas estão aproveitando o cenário para apostar em serviços integrados de alimentação, com parcerias com restaurantes e opções de pratos prontos a baixo custo.

Crescem também os corredores de congelados e as ofertas nas categorias de pratos semiprontos, cujos preços conseguem se manter ainda abaixo dos restaurantes.

A rede Bob’s, por exemplo, lançou em novembro sua linha de produtos congelados, distribuída em supermercados pelo País. Antes, o Grupo Big já tinha fechado parceria com a Swift, da JBS, para instalação de geladeiras com itens para o dia a dia, implementando um espaço da marca dentro das lojas do hipermercado.

Nesta semana, em diversos estados, como Pernambuco e Bahia, bares e restaurantes começaram a exigir passaporte de vacinação, uma prática endossada pela própria Abrasel como forma de conter novas catástrofes para o setor.

O cenário atual indica que o avanço da vacinação deve garantir ao comércio um ano melhor que o terrível 2020, ainda que a recuperação siga aos trancos e barrancos. Voltar à economia que tínhamos antes da Covid-19, no entanto, já é um papo para um futuro mais distante.

(*) Por Beatriz Pacheco, da IstoÉ Dinheiro