Por Suzana Barelli

É quase uma tradição: o ano de Baco no Brasil começa com um e-mail do consultor Adão Morellatto, da International Consulting, informando sobre o ranking dos vinhos importados para o nosso país no ano anterior. Morellatto é bem informado, tem suas fontes, e mostra, agora, que todos os países aumentaram suas vendas de vinhos finos para o Brasil em 2010, na comparação com 2009. No total, a exportação de vinhos para o Brasil cresceu 23,55% no ano passado, em relação a 2009.

Em primeiro lugar está o Chile, que se distancia, cada ano mais, da Argentina. Três ou quatro anos atrás, especulava-se que os vinhos do país da Malbec poderiam tirar a liderança chilena no ranking de vinhos importados no Brasil. Em 2010, as exportações chilenas representaram 29,71%, em valor, e 35,31%, em volume, do total de garrafas que entraram nas adegas brasileiras. Foi um crescimento de quase 20% em relação ao ano anterior. Em seguida, está a Argentina, que representa 22%, em valor, e 24,55%, em volume, deste ranking. O terceiro lugar é ocupado pela França, seguido pela Itália e por Portugal.

Na análise de Morellatto, três destaques: agora em 2011, deixa de incidir o imposto de importação (I.I.) nos vinhos chilenos. Os rótulos do país andino terão os mesmos benefícios concedidos à Argentina, ao Uruguai e ao Paraguai. É de se esperar um novo crescimento da participação dos rótulos chilenos nas adegas brasileiras. Ainda bem que este país tem investido em produtos de qualidade.

O segundo destaque cabe à Espanha. O Brasil vem importando, a cada ano, mais brancos e, principalmente, tintos deste país. Em 2010, o crescimento foi de inacreditáveis 38% na comparação com o ano anterior. A participação dos rótulos espanhóis ainda é pequena por aqui – 4,19% do total dos importados. Mas, muito em breve, a Espanha deve galgar degraus no ranking dos importados. E os produtores espanhóis parecem não medir esforços para isso e cada vez mais visitam o nosso mercado para promover seus vinhos.

O terceiro destaque é o crescimento da importação dos vinhos alemães – 169% em relação ao ano anterior. A porcentagem é alta porque a participação dos rótulos germânicos ainda é muito pequena por aqui. Mas indica que a péssima imagem dos vinhos de garrafa azul (docinhos e sem graça) começa a ser revertida. A Alemanha elabora brancos, secos e doces, bem interessantes, e o brasileiro começa, ainda timidamente, a descobrir isso.