Por Suzana Barelli

Em uma viagem à Itália alguns anos atrás, perguntei a Marilisa Allegrini, da sexta
geração de produtores de vinho na região de Valpolicella, como foi a sua entrada nos
negócios da família. Imaginava que por respirar vinhos desde pequena, sua chegada na
Allegrini teria ocorrido como um processo natural. Mas a resposta foi inesperada:
Marilisa foi estudar e trabalhar com psicologia. Ela queria trabalhar na área médica e o
natural era que os seus dois irmãos assumissem a empresa, garantindo assim a
continuidade da vinícola para a sétima geração.

Ela só chegou a Allegrini depois de seu pai Giovanni – personagem importante na
história dos Amarores de qualidade – muito insistir. E foi assim que o trabalho de
psicóloga em hospitais perdeu a profissional para o mundo do vinho na década de
1980. Atualmente, Marilisa é a figura mais conhecida da Allegrini – ela chegou a ser a
primeira mulher italiana na capa da revista norte-americana Wine Spectator dois anos
atrás. Embaixadora da marca e atualmente com o cargo de CEO, ela viaja o mundo
todo para divulgar os vinhos da família, atualmente elaborados pelo seu irmão Franco.

Além dos míticos amarones, os tintos elaborados com uvas pacificadas no Vêneto,
Marilisa fala com desenvoltura dos valpolicella e dos recioto, e, com ainda mais
orgulho, dos projetos de single vineyards, que começaram a ser criados por seu pai e
lapidados por Franco, como o Palazzo dela Torre e o La Poja (os vinhos são
representados no Brasil pela importadora Grand Cru). E conta que pode correr o
mundo porque sabe que Franco está nos vinhedos.

É de Marilisa, junto com o irmão, Walter, já falecido, a ideia de expandir a Allegrini.
Desde o início dos anos 2000, a família tem duas vinícolas na Toscana. Primeiro foi o
Poggio al Tesoro, em Bolgheri, em 2001, e sete anos depois, o Poggio San Polo, em
Montalcino. Também é sua a ideia de restaurar uma villa renascentista, localizada
perto da cidade dos Allegrinis. Com o crescimento dos negócios, a família comprou a
propriedade, a Villa dela Torre, rodeada por vinhedos, aberta a hóspedes especiais.