por Néli Pereira*

Vodca, gengibirra e limão. A receita simples, do agora queridinho coquetel moscow mule, veio de uma crise danada, e nos serve de inspiração em tempos de economia instável.

Um estoque empacado de vodca que ainda não tinha caído no gosto dos americanos, outro de ginger ale igualmente parado no bar Cock and Bull, em Los Angeles, e uma amiga que produzia umas canecas de cobre. Com mais um limão, fizeram não uma limonada, mas o moscow mule, em 1941.

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O limão serve como base do drinque (foto: divulgação)

A história é pertinente nesse momento em que, mesmo na crise, a gente não quer deixar de tomar um bom coquetel. O moscow mule partiu de produtos que estavam ali, e que aparentemente ninguém estava dando bola. Nada de insumos caros e ingredientes mirabolantes, ou o destilado caro da vez. E nós, nas nossas casas e no bar, deveríamos fazer o mesmo: quantas bebidas estão paradas aí na sua prateleira? Por que em vez de buscar o drinque da moda, você não revisita clássicos, experimenta receitas e aproveita o que tem em mãos para não gastar muito? Aquela garrafa velha ainda pode fazer coquetelaria boa…

Tente em casa

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As canecas esmaltadas trazem um quê mais brasileiro à apresentação (foto: divulgação)

Quer testar o moscow mule em casa, mas não consegue fazer aquela espuma? Viu que a caneca de cobre custa mais do que a vodca? Não acha ginger ale? Pois bem.

Apesar de muito usada em bares atualmente, a espuma de gengibre não faz parte da receita inicial, que traz insumos e preparo relativamente simples. A ginger ale, a nossa gengibirra – comum no sul do País – pode ser reproduzida em casa: para um litro de água mineral, coloque 200 gramas de gengibre e duas colheres (sopa) de açúcar. Se quiser fermentar, use uma colher (chá) de fermento para pão; se não, coloque todos os ingredientes em um sifão. A caneca de cobre também não vai mudar o gosto do seu drinque, acredite.

Se a parte estética é importante para você, experimente as nossas canecas esmaltadas, que saem pela metade do preço e ainda adicionam um quê mais brasileiro à apresentação!

Dê asas à criatividade

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(foto: reprodução)

Para quem não é bartender, a ideia de criar um coquetel com o que se tem em casa pode ser difícil e até frustrante. Afinal, o que misturar a um bitter, a um Bourbon ou ao rum que ganhou de presente? A dica é buscar pelos princípios básicos da construção de coquetéis, e um bom guia é o livro The Fine Art of Mixing Drinks, do David Embury. Ali estão algumas estruturas clássicas para você poder criar seu próprio cardápio de receitas.

* Texto publicado na coluna A Coqueteleira, da edição 209