Desde que existe álcool, existem pessoas que preferem não tomá-lo, seja por não apreciarem o sabor, seja por questões religiosas ou mesmo físicas. Mas as bebidas alcoólicas têm um apelo gigante ainda hoje, e muitos que optam por um estilo sóbrio de viver sempre são acusados de estarem perdendo parte da diversão. Porém, vem crescendo o movimento de pessoas que preferem não beber no dia a dia, o que tem provocado o aumento no número de bares “sóbrios”, em particular nos Estados Unidos, como mostra reportagem do site Up Worthy.

A proposta desses locais é oferecer opções deliciosas de drinks sem álcool, sem abrir mão da diversão de brindar com os amigos num lugar especial.

+Sem álcool, mas com gosto
+Seguindo a tendência: 5 drinks sem álcool para servir nas festas
+Adeus, ressaca! Famosas como Katy Perry e Bella Hadid apostam em drinks sem álcool
+Após 261 anos, Guinness lança sua primeira cerveja sem álcool

Nos EUA, grandes cidades como Nova York e Los Angeles têm visto opções não-alcoólicas aumentarem nos cardápios há um tempo, mas a tendência vem se espalhando também por cidades menores, expandindo-se para bares lotados, eventos e até lojas que pregam um estilo de vida focado na sobriedade.

Em 21 de janeiro último, a cidade de Washington DC recebeu a Mindful Drinking Fest, com mais de 300 participantes que puderam experimentar diversos tipos de cervejas, vinhos e coquetéis, todos eles sem álcool.

Um dos organizadores do evento, o premiado bartender Derek Brown, disse que “não beber não é novidade”, segundo o Up Worthy. De acordo com Brown, os primeiros manuais de bartender incluíam muitas bebidas não-alcoólicas, mas, após a Lei Seca, esse movimento pela sobriedade sofreu um golpe. “As pessoas pararam de tratar os que não bebem álcool como adultos”, afirmou.

Mais jovens bebendo menos

Agora, o equilíbrio no que diz respeito à ingestão de drinks parece estar voltando com as gerações mais jovens. Uma pesquisa da Heineken, de 2016, descobriu que 75% dos millennials limitaram, de propósito, a ingestão de álcool nas noites de balada, e aqueles que pertencem à geração Z, ao menos nas nações ocidentais, estão bebendo muito menos que seus antepassados.

De acordo com The Conversation, há vários motivos para as gerações mais jovens entrarem de cabeça no movimento “sober curious” (algo como “sóbrio curioso”), incluindo um senso de responsabilidade sobre o futuro, maior consciência sobre bem-estar e melhor compreensão dos riscos à saúde que o álcool pode causar, mesmo que em pequenas doses.

Porém, os jovens não são os únicos a embarcar no trem da sobriedade. Mesmo a pandemia, que fez com que muitos passassem a consumir álcool de maneira exagerada, também contribuiu para que as pessoas, no mundo todo, examinassem sua própria relação com a bebida. Além disso, campanhas anuais, como “Dry January” (“janeiro seco”), ou “Sober October” (“outubro sóbrio”) também têm convidado as pessoas a experimentarem como é a vida sem uma gota de bebida – ou o que o bartender Brown chama de “férias do álcool”.

Drinks virgens

Essa crescente demanda por alternativas ao álcool está impulsionando estabelecimentos a oferecerem drinks “virgens”, como são chamados aqueles que não levam bebidas alcoólicas. Os coquetéis sem álcool de hoje são muito diferentes e apostam nas mesmas técnicas de coquetelaria, com o uso de bitters, extratos vegetais, ervas e até elementos salgados para compor bebidas que sejam festivas sem lançar mão de vinhos, destilados, cervejas, etc.

Abby Ehmann tinha um bar em Nova York e nem pensava muito no assunto, mas viu os impactos devastadores que o álcool em excesso acabou causando em alguns dos seus clientes. Então, abriu um “bar sóbrio” chamado Hekate, em 2022. “Eu queria criar esse tipo de vibração e comunidade para as pessoas, mas tirar o álcool da equação”, disse ela à NBC News. “Aqui temos a comunidade e a vibração sem a bebida.”

A cultura em torno do álcool parece estar mudando e o aumento no número de bares que servem drinks criativos e virgens pode indicar que as bebidas não sejam o lubrificante social necessário que muitos acreditam.

Como Brown disse à NPR, “todas as emoções positivas que associamos ao álcool, elas vêm apenas de estar com as pessoas e saborear coisas deliciosas e maravilhosas”.