15/07/2025 - 17:55
A jornada de Ariel Todeschini começou em São Lourenço do Oeste, no interior de Santa Catarina. Na cidade ao sul do país, nasceu o melhor bartender do Brasil, campeão da etapa nacional do World Class 2025 — principal campeonato global de coquetelaria. Agora, o catarinense de 30 anos se prepara para competir a nível mundial e pode se tornar o melhor bartender do mundo.
Apesar de ter nascido no município de 24 mil habitantes, Ariel se mudou para Curitiba, no Paraná, em 2015. Pela cidade, colocou o bar Ponto Gin no centro dos holofotes quando venceu a competição mundial, já com uma carreira consolidada no ramo das bebidas.
“Nunca trabalhei com outra coisa, sempre trabalhei com bebida pra me manter. Já participei de vários campeonatos na carreira”, conta o bartender, em entrevista à Revista Menu no SEEN São Paulo — onde Ariel foi convidado para servir drinks, em evento especial, ao lado do bartender Amilcar Raider.
Disputa pelo título mundial
Entre setembro e outubro, Ariel embarca para o Canadá, onde compete na final global do World Class. A competição trará os vencedores das etapas nacionais de outros países e consagrará o melhor bartender do mundo. Mesmo sem saber ainda quais serão os desafios propostos pelo concurso, ele garante que exportará ingredientes, técnicas e conceitos sulistas para seus preparos.
“Eu sempre gosto de colocar [nos drinks] alguma coisa da minha memória afetiva lá do Sul. Faz parte do meu caráter na coquetelaria e da minha construção de sabor ao longo do tempo. Isso que cria a cultura da pessoa, você mostrar o que é da sua terra”, conta Ariel Todeschini à Revista Menu.
E completa: “O Sul é um cenário muito bom de coquetelaria. A gente tem bebidas que são muito icônicas, como o chimarrão. E estamos criando coisas com insumos que são de lá, endêmicos de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul e até mesmo do Paraná, como a erva mate. Eu faria a mesma coisa morando em qualquer outra região do Brasil”.
‘Descobrindo a nossa verdadeira identidade’
Questionado pela reportagem sobre qual é o momento atual da coquetelaria brasileira, o bartender reflete: “No mercado interno, é um momento de redescoberta. A gente está se readaptando, se reinventando, descobrindo a nossa verdadeira identidade”.
Apesar disso, ele reconhece as dificuldades motivadas pela popularidade de tendências internacionais: “Temos uma influência global muito forte. E para encontrarmos o que é nosso, a gente tem que se desenvolver, que fazer coisas. Eu acho que é um momento muito forte para explorar insumos locais, biomas, o que a gente tem aqui, para mostrar para a gente e depois mostrar para fora”.
Ariel aproveita a oportunidade para destacar, além dos drinks, outra paixão: o café. Mesmo sem nunca ter trabalhado com a bebida, ele venceu a edição de 2018 do campeonato de coquetelaria e café Coffee in Good Spirits e, desde então, tem sido convidado para julgar e apoiar competidores em campeonatos mundiais de barismo.
Sucessor de Ryu Komorita, que venceu a etapa Brasil no World Class 2024, o bartender conta que planeja abrir, ainda em 2025, um bar de inspiração italiana em Curitiba. Aconselhando quem disputa o World Class nos próximos anos, ele finaliza: “Estudar e entender o campeonato é o mais essencial. Ver como é que funciona, entender o motivo de ele existir — esse é o maior ponto da competição. E mostrar você mesmo, mostrar o que você gosta e o que é a própria coquetelaria”.