Por Suzana Barelli

Prepare-se para ouvir falar mais da vocação do torrontés na Argentina, do potencial de um pinot noir da Patagônia e até da (re)descoberta da cabernet franc no país. Não que a onipresente malbec tenha perdido seu status entre as uvas argentinas. Mas, em 2013, a Wines of Argentina, associação que representa os vinhos do país do Tango pelo mundo, deve focar suas ações na diversidade das cepas argentinas.

Na ideia de mostrar que a moderna viticultura do país resulta em bons brancos e tintos de várias uvas e de diversas regiões vitivinícolas, a associação promoveu sua primeira degustação do ano em São Paulo. Nas taças, harmonizadas com um menu italiano, criado por Silvia Percussi, da Vinheria Percussi, seis vinhos foram degustados, nenhum deles um malbec. A proposta era trazer brancos e tintos mais leves, para serem consumidos no verão e, assim, começar a mostrar que a Argentina não precisa ficar focada apenas em uma uva emblemática.

Dos seis rótulos, três destaques, em minha opinião: primeiro, o espumante Kaiken, com boas notas de panificação e cremosidade, mostra que a vinícola chilena Montes fez bem em também apostar em uma bodega na Argentina (o espumante sai por US$ 49,90, na Vinci). O segundo foi o Reserva del Fin del Mundo Pinot Noir 2010, um tinto agradável, apesar dos seus 14% de álcool (R$ 79, na importadora Mr. Man). E, por fim, o Late Harvest Torrontés 2010, da Dominio del Plata (R$ 90, na Cantu). Aqui, a enóloga e proprietária Susana Balbo, que começou a carreira elaborando torrontés seco, na região de Salta, aposta neste branco de colheita tardia, do vale de Uco, ao sul de Mendoza. Uma boa surpresa na taça até para quem, como eu, não simpatiza muito com esta uva branca.

Mas a degustação não significa que a Argentina deve esquecer a malbec. Muito pelo contrário. A cepa continua o cartão de visitas do país, inclusive com o Malbec´s Day, comemorado em abril. Mas, cada vez mais, terá a companhia de outras variedades.