Por Suzana Barelli

Alberto Antonini, que será o novo enólogo consultor da Argiano ( foto: Divulgação)

Acostumado a tomar decisões rápidas no mercado financeiro, o banqueiro André Esteves está mostrando um novo estilo de gestão, ao menos no mundo dos vinhos. Quase dois anos depois de comprar sua primeira vinícola, a italiana Argiano, Esteves está trocando de enólogo. Ontem, Bernardino Sani, diretor da vinícola sediada na terra dos grandes brunellos, anunciou que o também italiano Alberto Antonini será o novo enólogo consultor da Argiano a partir de 2016. E que Hans Vinding-Diers, que elaborava seus vinhos na Toscana, não trabalha mais na empresa.

Antonini é velho conhecido dos amantes de vinhos no Brasil. Depois de trabalhar na Frescobaldi e ser o principal enólogo da Antinori, duas das grandes vinícolas italianas, ele partiu para voo solo. Atualmente, Antonini é sócio do projeto argentino Alto las Hormigas e dá consultorias para várias vinícolas, como a também argentina Zuccardi e a portuguesa Sogrape, tem projetos no Chile, Itália, Uruguai e até na Armênia. Não raro trabalha em parceria com o chileno Pedro Parra, um dos maiores especialistas em terroir da atualidade.

Vinding-Diers também tem boa fama no Brasil. É de sua autoria os belos malbecs da Bodega Noemia. O projeto, na Patagonia argentina, é seu em sociedade com a condessa Noemi Marone Conzano, que vendeu a Argiano para Esteves. Em uma viagem ao Brasil em meados deste ano para lançar as novas safras do Argiano, por aqui importados pela Portus, Vinding-Diers se disse empolgado com a forma do banqueiro gerir seu negócio. Contou-me que Bernardino Sani era a pessoa de confiança do banqueiro, e que o brasileiro gostava de conversar, entender o seu trabalho, mas que lhe dava bastante autonomia de trabalho.

Lembro que até perguntei se Vinding-Diers iria assumir também as demais vinícolas de Esteves. Depois de comprar a Argiano, casa fundada em 1580 e que tem 100 hectares de vinhedos e uma vila renascentista, André Esteves comprou duas vinícolas em Portugal. Vinding-Diers disse que achava difícil e que cada vinícola tinha sua autonomia e estilo. Mas na primeira oportunidade, farei esta mesma pergunta a Antonini, que já dá consultoria em Portugal.