Por Suzana Barelli

A arte da assemblagem é a essência dos bons champanhes. É da mescla de uvas, safras e microrregiões diferentes, que nasce as melhores e mais famosas borbulhas. No champanhe dos Barons de Rothschild, esta mescla é também um blend de famílias. Há três ramos de Rothschild em Bordeaux (e também no mundo das finanças): os chateaux Lafite, Mouton Rothschild e Clarke. E os três se uniram no sonho de elaborar seu próprio champanhe, que chega agora, com planos ambiciosos, ao Brasil.

Philippe de Nicolay-Rothschild, que pertence à família, será o responsável pela divulgação e venda dos três primeiros champanhes por aqui, o brut, o rosé e o blanc de blancs, este já na carta do restaurante DOM. O plano de ter um Rothschild à frente dos negócios vínicos no Brasil dá o tom da importância desta bebida para a família. Antes de optar pelo modelo, o champanhe chegou a ser importado pela Vinci, dois anos atrás.

O champanhe Barons de Rothschild começou a ganhar forma em 2005, quando as primeiras uvas foram compradas, apenas de vinhedos grand cru da região. O primeiro vinho, o brut, foi lançado no final de 2009, já com a marca das três famílias. É um blend de chardonnay (com ao redor de 60%) e pinot noir (40%), que fica por quatro anos em contato com as leveduras, antes de chegar ao mercado. Nas regras rígidas de Champanhe, um brut deve ficar 15 meses com as leveduras, depois que a segunda fermentação, aquela que dá origem às borbulhas, acontece na garrafa. “Somos um Rothschild e temos de primar pela qualidade”, afirma Philippe de Nicolay-Rothschild.

Frederic Mairesse, diretor geral da maison, dá o exemplo do champanhe vintage, elaborado com uvas de uma única safra. Nas caves subterrâneas da família, envelhece um vintage da safra de 2006, mas a decisão de lançá-la ainda leva tempo. “Fazemos diversas degustações às cegas, comparando com os demais grandes champanhes. Nosso vintage está quase pronto para chegar ao mercado”, explica Mairesse, que veio ao Brasil apresentar o novo modelo de negócio dos Rothschilds. Nos planos, há também o lançamento de um extra brut (com menor quantidade de açúcar) e de um rosé safrado, ainda sem data definida.

O rigor dos Rothschild em nome da qualidade é um diferencial do vinho que, Philippe de Nicolay espera, ajude a vender no Brasil. Para elaborar uma bebida premium, a maison aposta nos contratos com os produtores locais, para obter as melhores uvas, com foco, sempre, nos 17 vinhedos de denominação grand cru locais. Sabem da dificuldade de comprar vinhedos próprios – hoje, a maison tem apenas um hectare de vinhas, plantados com chardonnay –, mas dizem não ter pressa. Contam também com uma pequena vinícola, que elabora apenas o vinho tinto utilizado no blend de seu champanhe rosado, entre outros diferenciais que só um Rothschild sabe fazer.

Em tempo: a sugestão de Philippe de Nicolay-Rothschild é que o champanhe brut seja comercializado por R$ 240 e o rosé e o blanc de blancs, por R$ 330.