O produtor Jean-Francois Ganevat se destaca nos brancos e tintos do Jura | crédito: divulgação

Por Suzana Barelli, de Beaune, França

O Les Affranchis foi o evento mais inusitado das diversas degustações “off”, que acompanham o Grands Jour de Bourgogne (GJB), grande feira de vinhos desta região francesa em meados de março. Nesta exposição paralela (daí o nome off), 30 vinicultores dos chamados vinhos naturais se reuniram no Au Hameau de Barboron, um bucólico hotel nos arredores de Savigny-lès-Beaune, entre os dias 19 e 20 de março. Aproveitavam a presença do público especializado na região, que foram ao GJB, para mostrar a graça das uvas cultivadas sem o uso de produtos químicos.

Em mesas improvisadas, eles ofereciam seus vinhos os visitantes. Tudo em um clima mais descontraído do que as demais degustações que marcaram esta semana na Borgonha. Se o produtor não estava em seu lugar, o vizinho servia os brancos e tintos e até arriscava uma explicação sobre a bebida e sua história. E, não raro, aproveitavam o encontro de produtores com a mesma filosofia para conversar entre eles, às vezes até se esquecendo dos consumidores. Em resumo: muita simpatia e formalidade zero, literalmente dos pés (vários deles estavam de chinelos) à cabeça.

Foi lá que eu provei os vinhos de Jean-François Ganevat, um produtor do Jura que sempre quis conhecer. De chinelos (para não fugir da regra), Ganevat assumiu os vinhedos da família no final dos anos 1990, depois de trabalhar na Borgonha. É um convicto seguidor da viticultura biodinâmica – tem o certificado da Demeter – e mostra que os brancos do Jura se dão muito bem sem o uso de agrotóxicos e afins e elaborados de acordo com as influências cósmicas.

Os melhores de seus sete vinhos apresentados foram dois elaborados com a uva savagnin, o Les Chalasses Marnes Beses 2011 e o incrível Les Vignes de Mon Pére 2003. Com produção limitada, Ganevat diz que não tem volume para vender no Brasil. Uma pena!