A enorme adega de Edemar Cid Ferreira: quem dá mais?

Por Suzana Barelli

As fotos da enorme adega de Edemar Cid Ferreira, o ex-dono do banco Santos, mostram que o ex-banqueiro investiu em uma bela morada para os seus vinhos (assim como fez com suas obras de arte). Toda em madeira, e com nichos individuais para as garrafas, é daquelas que impressionam até quem não entende do assunto. Mas é um mistério se a adega abrigou bem os vinhos, depois que Cid Ferreira deixou a mansão no bairro paulistano do Morumbi por ordem judicial, em janeiro de 2011. Ontem, o ex-banqueiro divulgou nota dizendo que o gestor da massa falida do banco Santos teria desligado os controles de temperatura e umidade, estragando seus vinhos. Recorre até a um perito particular para dizer que os vinhos estão ruins por culpa exclusiva do gestor.

As ações de Cid Ferreira tem como causa o leilão com cerca de 1.200 de seus vinhos, marcada para o próximo dia 24 de outubro, e que será realizada pelo Superbid Judicial Online. Com os  vinhos divididos em 143 lotes, o leilão revela o gosto do ex-banqueiro por rótulos de grife. Há muitos bordeaux, borgonhas e sauternes – o vinho mais caro é o Petrus da safra de 1988, em garrafa magnum por R$ 5.000, mas com a etiqueta rasgada, e o lote de maior valor é o que traz 11 garrafas do champanhe Cristal, por R$ 11.420. Nos italianos, predominam os Brunelos de Montalcino e os supertoscanos, tintos caros e badalados. Há também alguns rótulos improváveis, como o chileno Casillero del Diablo, da Concha Y Toro, que é comprado facilmente nos supermercados. E o Baron D’ Arignac, que integra o lote 94, avaliado (apenas este vinho) em R$ 15. Este lote, com 13 garrafas, sai por R$ 769.

O Chateau Petrus 1988 magnum, com rótulo rasgado, por R$ 5 mil

Ao analisar os 143 lotes, decidi me inscrever no leilão. Não sei se darei algum lance – os lotes, confessam, não são baratos. Primeiro, fiquei com vontade de comprar o L’ Ermita, da safra de 1996. É um ótimo vinho do Priorato, na Espanha, daqueles que ajudaram a escrever a história desta região. Mas a garrafa de 3 litros está avaliada em R$ 2.300. Também cobicei o lote 82, que, por R$ 2.740, traz 10 garrafas do Y Sur Saluces, um vinho do Château D’ Yquem, em Sauternes, que nunca provei. O lote 115 traiu minha atenção. Por R$ 815, traz 10 garrafas de vinhos portugueses, e, entre eles, está uma única garrafa do Quinta do Carmo de 1986, quando este tinto ainda era elaborado por Julio Bastos – hoje, a vinícola pertence à gigante Bacalhoa. Gosto do estilo deste enólogo elaborar seus vinhos, que hoje faz o tinto Dona Maria, e gostaria de saber como eles envelhecem. Para isso, até correria o risco de pagar por um vinho mal conservado. Ou, melhor, confiaria na organização do leilão, que disponibiliza várias fotos dos vinhos e garante que não há razão para desconfiar da qualidade da garrafa.

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