Vocês não têm salvação. Bebem muita cachaça e rezam pouco. (Papa Francisco sobre os brasileiros)

O que o Papa e os brasileiros desconhecem é que, apesar de serem responsáveis pelo maior volume de vendas de destilados no Brasil, as cachaças de baixo valor, ou industriais, vêm sendo menos consumidas ano a ano. A grande esperança do setor são os produtos artesanais e premium, que crescem como reflexo da máxima “menos quantidade, melhor qualidade”.

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Por isso, a piada do Santo Padre – justamente na semana em que se comemorava o Dia da Cachaça (21 de maio) -, surtiu mais como um bom marketing do que como uma crítica à nossa adoração ao destilado brasileiro.

A nossa pinga passa por um processo de elitização e a ideia de que seu amplo consumo está garantido é equivocada (pra não dizer ultrapassada).

Inclusive, aproveito o espaço para esclarecer outra confusão: toda cachaça é uma aguardente, mas nem toda aguardente pode ser chamada de cachaça ou pinga. A verdadeira cachaça deve ser feita exclusivamente no Brasil de caldo de cana fresco, envelhecido ou não, e conter de 38% a 48% de álcool, sem ser acrescida de qualquer infusão, como fruta ou especiaria.

A coluna teve acesso aos seguintes dados do mercado:
No segmento Low Price (menos de R$ 10), a queda nas vendas é constante e expressiva. Há queda também na categoria Value (R$ 11 até R$ 24,90). Os rótulos que registram crescimento são dos segmentos Standard (R$ 25 a R$ 54,90), como a Saliníssima, e Premium e Super Premium (mais de R$ 55), como a Santo Grau e a Espírito de Minas, por exemplo.

Inclusive, deixo a dica para uma futura provocação: o Brasil figura no topo do ranking mundial em crescimento de consumo de vinho, tão apreciado entre os confrades do pontífice, segundo o IWSR, renomado órgão internacional de pesquisa sobre bebidas.

(*) Da redação do Menu