Por Roberto Fonseca*

Apontado por cervejeiros locais como “pai” da leve e refrescante Florida Weisse, Doug Dozark é atualmente mais conhecido pelas Imperial Stouts parrudas e adocicadas com adjuntos, produzidas na Cycle Brewing. Mas, em entrevista por e-mail à Menu, ele diz ver mais potencial de crescimento nas “azedinhas”. “Eu creio que ainda há mais desenvolvimento a ser esperado da Florida Weisse, e ele será instigado pelos consumidores. Não me parece que essa oportunidade exista para as Stouts, cujo modelo é bastante direto; basta um pouco de sorte para a cerveja cair nas mãos das pessoas certas, que falarão sobre ela, e você pode trabalhar a oferta e demanda com conceitos econômicos básicos”, afirma. “A Florida Weisse pode atingir consumidores que não são da cerveja, e eu sempre esperei que isso ocorresse.”

Segundo o livro Oxford Companion to Beer, a Berliner Weisse é um estilo cervejeiro que surgiu e se desenvolveu entre os séculos 17 e 20 na região da cidade alemã homônima. Pelo seu caráter moderadamente ácido, leve e frutado, também ficou conhecida como “Champanhe do Norte”. Depois de um período de queda no século 20, o estilo acabou “resgatado” por cervejarias artesanais, principalmente nos Estados Unidos.

Dozark produziu a Ich bin ein Rainbow Jelly Donut, Berliner Weisse com framboesas e limas-da-pérsia, em 2009, no brewpub Peg’s Cantina. Um dos principais entusiastas à época foi Johnathan Wakefield, da cervejaria J. Wakefield, em Miami, que também começou a produzir Berliner Weisses com frutas e surgiu a denominação Florida Weisse. Apesar de a cervejaria Dogfish Head, do Delaware, ter produzido uma Berliner com frutas em 2007 (a Festina Pêche), um cenário bem peculiar fomentou o crescimento dessa combinação nas cervejarias da Flórida. “A motivação primária para fazer uma cerveja desse estilo foi a demanda dos consumidores por uma bebida ácida, refrescante, com baixo teor alcoólico e pegada intensa de frutas, que é a combinação perfeita para o nosso clima quente e úmido da Flórida”, afirma Kevin Butler, cervejeiro da Brewbus e da Florida Avenue.

Embora a Florida Weisse não seja um estilo oficial nos guias cervejeiros – os mais conhecidos são o Beer Judge Certification Program (BJCP), usado por produtores caseiros, e o da Brewers Association (BA), comercial –, Dozark acredita que ela mereça a promoção. “Embora alguns bons exemplos tenham sido produzidos anteriormente, foi aqui (na Flórida) que o estilo realmente decolou, devido ao clima, ao acesso a frutas de todo tipo e à natureza extrema da produção cervejeira nesta área. A Flórida abraçou a ideia, e, embora Berlim tenha uma longa história (com o estilo), ele estava praticamente morto por lá.”

A competição estadual de cervejeiros da Flórida incluiu, há alguns anos, a categoria Florida Weisse. Apesar disso, é comum ver cervejas que se enquadrariam como Florida Weisse sendo descritas, em cervejarias, bares e lojas apenas como “Berliner Weisse com frutas”, o que sugere que nem todos os produtores parecem ter abraçado a ideia. Discussões técnicas à parte, o cervejeiro Doug Clark, da Tampa Bay Brewing Company (tbbc.beer), resume a questão: “No mercado atual, me parece que qualquer coisa é bem recebida pelos clientes, desde que tenha qualidade.”

*O jornalista viajou a convite de Visit Florida