29/10/2016 - 10:00
por Suzana Barelli
Há sempre muita expectativa para o lançamento do Barca Velha, um dos vinhos ícones de Portugal. E não poderia ser diferente para um tinto que teve sua primeira safra em 1952, quando as uvas do Douro só davam origem aos fortificados vinhos do Porto. Desde então, o tinto foi lançado apenas 18 vezes, uma média três safras por década. Por isso, as atenções se lançaram para a safra de 2008, apresentada oficialmente na semana passada em uma solenidade no castelo em Sintra, cidade próxima à Lisboa, em Portugal.
Quem já provou diz se tratar de um Barca Velha clássico e elegante, ainda muito jovem. Mas poucos poderão prová-la por aqui: devem desembarcar no Brasil 1.000 das 18 mil garrafas elaboradas dessa safra. A Zahil, que representa a Casa Ferrerinha no Brasil, estima vender cada garrafa por cerca de R$ 3 mil.
O 2008 é o primeiro Barca Velha elaborado desde o início por Luís Sottomayor, principal enólogo da Ferreirinha desde 2007. Antes, coube a Sottomayor também anunciar o lançamento do Barca Velha 2004, mas não foi ele o responsável pela sua elaboração. Ao longo de suas seis décadas de história, o Barca Velha só teve três enólogos: o pioneiro foi Fernando Nicolau de Almeida, que criou o vinho e, na época, foi olhado por desconfiança por muitos. Nicolau de Almeida passou o bastão para José Maria Soares Franco e esse, para Sottomayor.
Sottomayor elabora o tinto sempre que a safra tem qualidade. Mas demora de oito a dez anos para definir se o tinto que amadurece em barricas de carvalho e, depois, em garrafas, serão mesmo um Barca Velha. A opção é lançar o vinho ou desclassificá-lo e colocá-lo no mercado como um Reserva Especial, como aconteceu com o 2007.
No texto de apresentação do Barca Velha 2008, Sottomayor conta quando teve a certeza que o tinto seria o vinho ícone da Ferreirinha. “Faz agora um ano, fui caçar à Ilha Terceira e pediram-me para organizar um jantar vínico. Foi provado um Quinta da Leda 2008 e a evolução evidenciada por este vinho durante essa prova veio solidificar a minha convicção, de que viríamos a ter um Barca Velha do mesmo ano.” Explica-se: as uvas do Barca Velha vêm também da Quinta da Leda, no Douro Superior.