Cerca de 850 pessoas acompanharam a apresentação da safra em Bento Gonçalves (RS)

por Suzana Barelli, de Bento Gonçalves (RS)

A avaliação nacional da safra é evento obrigatório para quem acompanha os vinhos brasileiros. Em sua  21ª edição, a degustação promovida pela Associação Brasileira de Enologia (ABE) reuniu 850 pessoas em Bento Gonçalves (RS), no último sábado, para conhecer as 16 amostras que melhor representam o ano vinícola de 2013. Cada amostra, entre vinho base para espumante, brancos e tintos, foi avaliada e comentada por um especialista, entre críticos brasileiros e estrangeiros, inclusive esta que vos escreve.

O painel permite tirar algumas conclusões. A primeira é que 2013 é um ano dos brancos em nosso país – as três amostras de espumantes e os cinco brancos brilharam mais, em comparação com os tintos. A explicação está no clima: até início de fevereiro, tudo indicava que 2013 seria um bom ano, mas o tempo mudou e a chuva atrapalhou a maturação das uvas tintas, ainda não colhidas.

A segunda é que os tintos de 2013 serão de variedades menos conhecidas. Neste ano, nenhum tannat foi selecionado entre os 16 melhores, por exemplo, e apenas um cabernet sauvignon esteve no painel. Mas foram apresentados dois teroldegos, um malbec, e um marselan – este um vinho que eu comentei.

É a segunda vez que eu subi no palco para comentar a safra – a primeira, em 2010, eu tinha de comentar um pinot noir. Aquela safra não tinha sido boa para o Sul brasileiro – muitas vinícolas nem elaboraram seus vinhos top, pela chuva que caiu em excesso na época que antecede a colheita. Lembro que o meu pinot era um vinho leve, frutado. E, na minha modesta opinião, estava mais interessante do que os tintos encorpados. Foi o ano em que a vinícola Almaúnica começou a ganhar fama, com o seu cabernet sauvignon. Aqui, um parênteses: este ano, a Almaúnica nao vai elaborar o cabernet, pois não conseguiu maturar no vinhedo, pela chuva.

Neste ano, a minha amostra, o marselan era mais encorpado, com boa fruta. A uva, um cruzamento da cabernet sauvignon com a grenache, ainda é pouco cultivada no Brasil. No palco, eu quase me atrevi a tentar adivinhar quem era o seu produtor – Dom Candido, Casa Valduga e Perini seriam as minhs três apostas de vinícolas que elaboram esta uva que tem, como uma das característica, a resistência a doenças no vinhedo. No final, não tentei adivinhar e o vinho era da Dom Candido.