Entender os estilos de cada borbulha ajuda a definir qual espumante escolher para acompanhar uma receita e também qual abrir para comemorar a esperada chegada de 2018

por Felipe Campos e Suzana Barelli

Brut Charmat
O método de realizar a segunda fermentação (aquela que dá origem às borbulhas) em tanques fechados foi criada pelo francês Eugène Charmat. Daí o seu nome. Em geral, esse método cria espumantes com borbulhas maiores, corpo mais leve e aromas frutados. Não raro, são também mais baratos. Os proseccos são os maiores representantes desta categoria. O espumante charmat é ideal para levar para a praia e brindar sem compromisso, enquanto se pula as sete ondas e faz os pedidos para 2018.

Brut Nature
Elaborado em geral pelo método clássico, com a segunda fermentação nas garrafas, o nature tem como principal característica a acidez mais pronunciada. A explicação é que eles são elaborados sem a adição do licor de expedição, que define o teor de açúcar da bebida e equilibra essa acidez. “São uma boa opção para pratos mais ácidos ou untuosos”, indica o sommelier Diego Arrebola. Indicados para quem valoriza bebidas mais secas e quer brindar com personalidade.

Brut Clássico
Raramente a palavra clássico está no rótulo, mas ela indica a segunda fermentação na garrafa (tradicional e champenoise são sinônimos). É o espumante mais conhecido, o que inclui também os cavas espanhóis, os crémants e os champanhes franceses. “Em geral, trazem notas de fermento nos aromas e textura mais firme no paladar”, diz Gabriel Raele, do Fleming’s. Não é tão descompromissado como um charmat, mas casa bem com o brinde enquanto observa os fogos de artifício. A escolha por um brut brasileiro, um cava ou um champanhe vai depender do estilo (e do poder aquisitivo) de cada um.

Rosé
Há rosés em todos os estilos de espumantes. Em geral, são vinhos que tem um aroma de fruta vermelha presente (não necessariamente em destaque) e com um pouco mais de estrutura. “O uso de castas tintas, principalmente a pinot noir, abre um leque de oportunidades para harmonizar”, destaca o sommelier Guilherme Corrêa. Não é tão lembrado na hora do brinde de Réveillon, mas deveria. Para quem quer trazer mais complexidade no ano que entra.

Safrado ou Vintage
Sua característica principal é ser elaborado apenas com uvas colhidas em um único ano (nos demais espumantes, os enólogos mesclam o vinho do ano com os vinhos de reserva, feitos em anos anteriores). Em geral, são preparados quando a safra tem muita qualidade, que permite maior longevidade, e tem um período maior de autólise. São mais estruturados, com textura mais cremosa e aromas mais complexos. São indicados para quem gosta de apreciar uma bebida de qualidade na hora da virada.

Moscatel
Os espumantes moscatéis são a grande aposta de muitos produtores brasileiros. Eles são elaborados pelo mesmo método do Asti italiano: passam apenas por uma fermentação, em grandes tanques, chamados de autoclaves, que impedem que o anidrido carbônico, fruto da ação das leveduras, seja eliminado e, assim, dê origem às borbulhas. O resultado é um espumante mais aromático, doce e com menor teor alcoólico (entre 7% e 10%, contra os 12% a 13% dos espumantes). Essa doçura evidente, com boa untuosidade em boca, é ideal para quem quer um ano mais doce, mas sem muita complexidade.

Demi-sec
Esse é o espumante ideal para combinar com um bolo de casamento, com recheio de muitas frutas secas. Sua característica está na maior quantidade de açúcar do licor de expedição. Não é popular para os brindes de final de ano, mas pode ser lembrado por quem quer um ano muito, muito doce.