por Suzana Barelli

Neste ano cheio de indefinições, o vinho é o único item da rede de supermercados Pão de Açúcar que bate todas as metas de venda, trimestre após trimestre. No ano passado, foram 18 milhões de garrafas da bebida comercializadas nas gôndolas – a linha Club des Sommeliers, marca própria da rede, corresponde a 17% deste total.

O desafio para o ano de 2018 é que 80% do total de garrafas comercializadas sejam do Club des Sommeliers ou de importação própria do supermercado. É uma meta ambiciosa, que deve acender a luz vermelha em várias empresas importadoras de vinho no Brasil, que podem perder um importante canal de vendas. Neste modelo, os 20% restante são daqueles rótulos que não podem faltar na prateleira.

Atualmente, o Club des Sommeliers conta com 91 rótulos de 11 diferentes países, de um espumante brasileiro a um branco da Nova Zelândia. Estes vinhos também estão distribuídos em várias faixas de preço, desde os mais básicos até os classificados como “reserva”, com preço na faixa de R$ 80. Atualmente, está em prospecção um vinho ícone, para ver comercializado na faixa dos R$ 120. “Nosso perfil são os vinhos de boa relação qualidade preço em suas categorias”, define o especialista Carlos Cabral durante jantar comandado pelo chef Laurent Suaudeau, em São Paulo, para a apresentação das novidades do Club des Sommeliers.

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Carlos Cabral (à dir.) com o chef Laurent Suaudeau, durante jantar de apresentação do Club des Sommeliers (foto: divulgação)

Cabral é o responsável pela transformação do vinho em uma unidade de negócios importante para o supermercado. Ele assumiu na virada do século, ainda na gestão do empresário Abílio Diniz como principal acionista do grupo e quando a rede vendia 500 mil garrafas por ano. Uma das primeiras ideias de Cabral foi investir nos atendentes de vinhos, inicialmente apelidados de “Cabralzinhos”. Nestes 16 anos, já foram formados 380 atendentes, 200 dos quais trabalham nas lojas da rede.

A marca própria surgiu no final do ano 2000, com a importação de 25 rótulos franceses. “Mas quebramos a cara”, lembra Cabral. Foi preciso cinco anos para que o modelo mudasse e Cabral passasse não apenas a selecionar vinhos mais de acordo com o perfil de consumo do brasileiro, mas também a ajudar os enólogos a elaborarem estes brancos e tintos mais baseados no paladar nacional. O modelo, como os números comprovam, deu certo.